Aos poucos e bons. Sempre.

Aos poucos e bons. Sempre.

domingo, 22 de dezembro de 2013

" As vantagens de ser invisível". Clichê do viés de ter um coração.

Though nothing, will keep us together
We could steal time, just for one day
Personagens fictícios. - nota da autora
Fazia tempo que Ana não sorria. Fazia tempo que as gentilezas não a regava. Estava seca feito uma folha de outono americano. Linda de cor. Seca de tão existente. Já não sabe que nome dar a felicidade quieta e censurada de estar presente naquela cena tão despretenciosa que a vida lhe proporcionou. Simples. Um filme querido, um livro lido.
Mas a cena não era dela.
Foi só um presente de Natal.
Acabou no aeroporto.
Onde tudo começou.
Mas, Ana fez as pazes com a vida.
E só espera que seja assim, nem que seja por pelo menos um dia.
E sorriu.
Prendeu os cabelos curtos.
Ficou orgulhosa de si mesma.
Construiu sem saber o que hoje sabe, apesar de não ter.
Uma vida. Uma família.
E ela foi rainha de seu dia. E desejou, do fundo do coração, nadar feito golfinhos como a música que rega esse texto.
Enganar o tempo já é demais pra eles.
Mas Ana sorriu. Isso é que importa.
 
 

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Acalento as mulheres. Menos rivotril e mais amor. Por favor.


Longe de mim ser uma sexista. Longe de mim ser feminista. Queimar sutiã hoje na mesa de bar me parece meio sobreposto a tantas histórias que já ouvi e vivi delas.
Tanto as minhas amigas como eu, estamos longe de sermos revolucionárias já estudadas em livros.
Mas não tem como fechar os olhos e o coração pra tantas terapias anunciadas em encontros de calcinhas.
Os homens estão perdidos. As mulheres decididas.
Eu, sinceramente, ainda não sei onde vai dar esse liquidificador.
Talvez em famílias desfeitas. Em conta matemática ao contrário de: mãe, pai, filhos e cachorro.
Talvez em mulheres sozinhas regadas de " Eu não quero ter filho". Ou " Eu quero viajar".
Quem sabe em afirmações do tipo: " O mundo é bixessual." - e aqueles menos desavisados logo se fixariam em suas poltronas pensando " Não sou gay".
Cada vez mais conheço pessoas (energia emanada pro Universo volta em resposta. Chamaria isso humildimente de Deus, mas isso é texto pra outra oportunidade. Sem religião. Mais transcedência de existir) que vivem na beirada do considerado "normal" para o amor, pra vida e na sociedade como mulher. E carregam uma mochila cheia de provas, comportamentos esperados e medos.
Meninas crescendo profissionalmente, ganhando dinheiro e escondendo celulares por falta de respaldo em dizer: " Fui ali e cheguei tarde assim como você fez tantas vezes" - Leia-se: você (namorado, namorido e marido).
E nessas terapias de calcinha tenho segredos velados de mulheres que são agredidas - fisicamente e emocionalmente.
E isso é quase uma nuvem que acompanha uma mulher decidida.
Uma necessáire com rivotril.
Pra controlar.
Controlar o quê? - eu me pergunto.
Controlar o que se é.
Mulheres capazes de se comportarem como quiserem. Daquelas lindas que vestem um jeans e uma blusa branca desprentecisoamente conversam sobre política e filhos. Ou viagens. Que seja. E, que seus companheiros não se sentem ameaçados pela sua singularidade. De encantar.
Mais amor. Em saber que uma mulher pode se encontrar em seu colo. Desde que você deixe a chuva existir.
Homens perdidos: as deixem chover.
Desde que a gota de ser feminina viva e queira sim, encontrar a frase:
" No seu gosto eu fui chuva no gosto bom de se deixar viver".
Mulheres decididas: respinguem por aí SEM o seu rivotril. Eles têm que entender que rivotril não é amor.
http://www.youtube.com/watch?v=C5Lv1Y9o_uE









segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

As piscianas. Com amor. E com propriedade da palavra.

Mulhereres por si só já se bastam em sua complexidade.
Mas as piscianas são vão um pouco além dessa perspectiva.
Creio que reúnem um pouco de todas lá do horóscopo. Um mosaico intrigante. Quase chato de montar à primeira vista.
" Case-se com um homem de peixes, mas não ame uma mulher pisciana". - Foi o que eu li em uma dessas revistinhas sem vergonha de banca de jornal.
Discordo em partes.
Concordo em outras delas.
Eu desconheço uma mulher de peixes que não seja encantadora. E por possuir uma porção desses exemplares por perto e ser uma, tenho certa propriedade em que escrevo. São dotadas de um sublime sorriso quando querem. Envolvem até o ser mais monótono que esteja na conversa.
Despretenciosamente é isso que elas fazem.
Silenciosamente vão pescando (sem trocadilhos) o que o que mais cativa em cada um.
E de adaptam nesses encantos dos outros.
"Eles são tão diferentes, mas se amam. Ela está feliz".
"Nem sei como são amigos. Eles são tão diferentes. Mas sempre estão juntos. São amigos mesmo".
Não conheço uma mulher de peixes que não soa angelical e em um piscar de olhos se torne o pior pesadelo de ser humano. Pra si e para os outros.
Essa linha fina e quebrável tem um nome: paixão.
Mulheres piscianas são apaixonadas.
Pela vida, pelos amigos, pela casa, pelo seu amor, pelo trabalho, pela cidade, pelos sapatos, pelas roupas,  pelo seu cabelo, pela beleza de qualquer coisa - até as inconsificáveis.
Pelo futuro.
Sonham. Vivem dormindo de olhos abertos andando por aí e sonhando acordadas com o que de bonito pode acontecer ou com o que de bonito já aconteceu.
Não conheço uma mulher de peixes que não saiba conjungar os dois verbos tão distantes entre si e tão próximos quanto só elas saberiam dizer: amor e ódio.
Se bem que ódio, pras piscianas, não existe. É falta de paixão.
Mulheres de peixes não sentem inveja. Respiram o que é de lindo nos outros e tentam agregar na próxima nadada.
Possuem tantas personalidades em si que, por vezes, podem confundir você.
Entretanto, não se engane. Ela é isso mesmo. Vai sorrir e chorar na mesma frase. Só depende de você.
Piscianas não lembrarão de suas brigas. Provavelmente, se lembrarão do que as fizeram sorrir antes disso.
Mas, se o choro a engolir. Esqueça. Não se conserta um coração feminino que nada em águas profundas. Mas, ela perdoa. Sem volta, mas perdoa.
Aliás, nem tente nadar em águas rasas com uma pisciana. Não tente colocar muros e azulejos. Porque ela nada e voa. Ela tem que querer estar ao seu lado.
Em resposta a afirmação que citei e li anteriormente aqui, lhes digo:
"Case-se com um homem de peixes e permita-se ser apaixonado e ter por perto uma uma pisciana clássica".
E faça o coração dela bater por você. - nota da escritora.
http://www.youtube.com/watch?v=cmC3DROrBgo


sexta-feira, 11 de outubro de 2013

A minha navegação.


Medo:

De maneira tímida, preocupada, hesitante. Ansiedade diante de uma sensação desagradável, da possibilidade de fracasso etc. Sentimento inquietante que se tem diante de perigo ou ameaça. Atitude covarde.

Fé:

Firmeza ou pontualidade na execução de uma promessa ou de um compromisso.
Lealdade.
Boa reputação, crédito.
Convicção.
Confiança.
Veracidade.
Crença religiosa, religião.

 
Honra:

Consideração ou homenagem à virtude, ao talento, às boas qualidades humanas.
Pundonor.
Sentimento, que leva o homem a procurar merecer e manter a consideração pública.
Boa fama.
Glória.
Favor, distinção: conceder honras.
Castidade; virgindade.

O seu barco você cria.
A história que vem dela também.
Conte a sua, da sua maneira.
Não espere nada de ninguém.
Sorriso e amor, nem me atrevi a procurar no dicionário.
Não teria explicação pra pôr-do-sol e fotografia.
E sorriso de filho.
Medo é sempre bem-vindo.
Mas fazer dele a vida é covardia.
Amor é criação.
Você acredita e pronto.
Na pessoa.
Entretanto, a pessoa, assim como você, tem medo também.
Fé vem do coração. Você pode trazer Deus pra acrescer.
Mas, isso é seu.
Você pode engrandecer ou empobrecer.
Você tem a escolha de quem colocar no seu barco.
E, perceba, o barco é seu.
Você coloca o que te faz bem.
A sua honra vem disso.
Falha todo mundo tem.
Como você e eu.
E são lindas as pessoas que erram.
Triste daqueles que acreditam que nunca erraram.
Ou que não enxergam isso.
O barco a gente constrói todos os dias.
Concede-se a si então a sua vida.
Que trás filhos e frutos.
Apesar de ser difícil, tenha honra por si só.
E tenhamos Fé, como disse o dicionário: executaremos com pontualidade e compromisso.
Executaremos da melhor forma:como ao ver o nosso filho nascer e crescer:
Pontualidade e promessa do que foi prometido.
E tenho dito.
Faremos isso.
Medo a gente já tem.
Honra construiremos (faça o seu barco).
Fé?
Aponta pra ela e rema!
Triste aqueles que não possuem tripulantes em seu barco.
Sorria!
Seus filhos estão sorrindo por você.
O resto? - você poderia me perguntar.
E eu lhe responderia:
Tem lugar no SEU barco?



 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

sábado, 28 de setembro de 2013

O cheiro meu. Pra você descobrir o seu.

Este texto aconteceu assim:
"Mas, eu sentia uma dor física. Sabe? Doía mesmo. Doía lá no coração. Fiquei dias sem comer. Acredita?"
Eu sorri pra confidência da amiga momentânea. Eu nem sequer sei o dia do seu aniversário. Mas ela me confidenciou algo que talvez nem a melhor amiga dela tenha conhecimento.
"Sei." - respondi.
Tenho esse traço na minha personalidade.
Deixar as pessoas à vontade.
Sempre pergunto:
"Como foi pra você?".
E hoje é difícil alguém querer saber como foi realmente a história "pra você". Porque somos minadas com:
"Não liga pra ele."
"Você é maior que isso." - quando na verdade você não quer ser maior maior ou menor, você só quer ser o que tem vontade.
A confissão acontece porque talvez elas saibam que o julgamento da minha parte não existirá.
Talvez porque elas enxerguem em mim o mesmo que eu: o além daquele sorriso falso e da frase "sou toda certinha na vida."
Quem dita ao crescer o que é certo?
Você constrói o seu certo.
Enfim. Isso é ótimo. E aos poucos estou aprendendo a ter essa capacidade inerente a mim como algo bom e quase como uma consulta psicológica. Vem a mim e morre em mim.
Tenho amigos que se machucaram mesmo fisicamente pra tentarem reprimir a dor física de amor que sentiam. E eles não são nem piores nem melhores quando comparados aos ditos "normais".
O fato é que, depois disso tudo, fico remoendo essas confissões e sorrisos despretensiosos.
Chego a conhecer o melhor da pessoa sem ela saber disso.
E, assim, vou descobrindo essa coisa toda que é o ser humano.
Acho muito bonito essas pessoas que sentem a dor fisicamente.
Dói mesmo.
Da mesma maneira que é fisiológico sua borboleta na barriga.
Você tem boca seca. Você perde as palavras. Você é envolvido na emoção lá da felicidade que se manifesta como uma dor. Mas, uma dor boa. Que nem é dor. É plenitude.
E hoje, nesse mundo tão sem contato e dor (seja lá qual ela for) , seja boa ou ruim, eu penso que a paz de viver em paz pode estar em qualquer lugar.
Como numa sacada de casa, tomando uma cerveja e escrevendo.
Você aprende, com o tempo, que as dores são engolidas.
Por você.
Pra viver bem e "normal".
Pra não enxergarem de verdade que tristeza existe.
Ela pode estar tão latente a ponto de você sentir um enfarto sem tê-lo.
Ela pode não estar latente ao ponto de você se ferir de propósito.
Mas, ela sexiste.
E dói. Uma dor física. Às vezes mais. Outras menos.
Ainda estou por esperar alguém nessas confissões despretensiosas dizer:
"Sou feliz e me basto em mim por isso."
Eu lamberia cada centímetro dessa frase como um sonho bom ou um sorvete de menta com chocolate.
Minha dica é:
Guarde os cheiros dos momentos.
Eles não mudam. Bons ou ruins.
Sempre tenho uma memória quase que gustativa do que não me dói. E aqueles que não.
Não importa a pessoa ou o momento vivido.
E hoje escrevendo esse texto, eu fechei os olhos e lembrei de uma felicidade longíqua:
Colo de vô.
Cheiro de panela de pressão de feijão na casa do pai.
Amor dói. Morre. Amortece.
Cheiro sobrevive.
Respirei o cheiro da sacada da casa nova (já velha), mas primeira vez habitada por mim.
Com Ipad no colo, Heinekein e um cigarro quase que apagando.
Cheiro é pra sempre.
Ainda não sei onde está minha paz.
Mas, sei bem, onde estão meus cheiros:
Na brisa do mar, no pôr-do-sol, na lua linda da janela e na orelha do meu filho.
Descubra você a sua felicidade.
O seu cheiro.
Texto esse irrigado com:
http://www.youtube.com/watch?v=C-dW7z0QBNg

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Run Lola. Run Forrest.

Veio assim este texto como um impulso grande e inquieto. Um cuspe no espelho que voltou nojento pra minha face. O fato se deu quando uma amiga me cobrou o por quê de tanto tempo sem escrever. E minha resposta foi tão egoísta e deprimente que me senti envergonhada. Fiquei remoendo aquele meu comentário. E enfim, achei essa foto.
Corri feito Lola. Corri descabelada e ofegante. Quase morri a cada quarteirão. Suava muito. Sofria. Entretanto, continuava a correr. Flashes passavam. Munida deles, corria mais. Corria pra longe deles. Tinha foco, diferente de Lola que corria pelos flashes. Eu corria deles. No making off desse filme, a atriz fumante inrreverssível confessou que, na verdade, toda a corrida ilustrada na batida da música era apenas uma tomada filmada. Remontanda mil vezes para o filme ter corpo.
E foi isso até aqui. Corri sempre pro mesmo destino. Feito por mim de inúmeras formas.
Forrest. Forrest é a vida. Ingênua, irritante por vezes, singelo no ver das coisas. Lola se irrita porque Forrest corre sem flashes. Ele corre e passa por tantos lugares e tantas pessoas pelo simples fato de correr. Não sofre. Faz de si o prazer quase que de vida por isso. E ela, a Lola, faz o prazer ser de morte. Leva o seu extremo. Ele leva a paz, sem ter o extremo de absolutamente nada como seu objeitvo.  Ele não sente nada. Ele passa. Passa como os dias. Como as noites. Como as luas lindas pela janela. Passa tanto que se você não ver sua barba crescer, nem se dá conta dos dias que deixaram de ser.
Lola tem vontade de vomitar porque correu tanto e seu corpo não aguenta mais.
Forrest senta em um banco pra contar suas histórias.
Lola é o coração. É alma. É sentimento. Suor, cansaço, frustação, desespero, agonia e medo.
Forrest é a vida. É alma controversa do sentimento. Calma, vento bom, pôr-do-sol, mar, plenitude, felicidade.
Quando coração e vida se encontram, a princípio se chocam como a foto.
E foi isso. Esse choque tem que existir.
Na minha visão, os dois sentarão um dia numa canga em uma praia com um vento bom na nuca e a maresia vibrante. Com cheiro de calmaria. De colo de vó.
Ele (a vida) tomando água.
Ela (o coração) tomando wisque.
Ele: E aí? Vai parar de brigar inconsciente comigo?
Ela: Sim. Cheers. Brindaremos. Eu como meu coração não sobrevivo sem você.
Ele: E eu, seria uma vida dessas muito sem graça sem você.
Vida e Coração: plenitude.
Não sei a receita, mas já entendi dos ingredientes:
2 Lolas
1 Forrest.
 
 
 

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Aos bons médicos. Com carinho.

 
Esse meu espaço era pra ser um rascunho divertido. Quase que como uma cartase-psicológica-desenhada em letras de forma. Mas, hoje tive a imensa necessidade de escrever algo de cunho mais sério do que as pinceladas rotineiras sobre meus devaneios.
Li muito a respeito do assunto que vou tratar brevemente. Aliás, sempre antes de tecer uma opinião formada sobre algo que me incomoda na vida pública, procuro me informar. E reforço aqui que "me informar" significa ler jornais, ler artigos na internet, conversar com pessoas diferentes sempre com a TV desligada. E devo confessar que de uns dois meses pra cá, minha TV não suporta nem mais a novelinha básica. Está mais silenciosa que um mudo nascido desde o seu parto. Talvez seja a idade. Talvez, finalmente, tenha criado um esboço de um senso crítico-político de verdade e tímido.
Vejo e observo muito a movimentação tedenciosa de todos criticarem a classe médica. Quase que os tachando como "mercenários". Fato esse veio com a discussão sobre o estado de calamidade que se econtram nosso SUS juntamente com a idéia do Sr. Padilha em acrescentar mais dois anos no currículo dos médicos.
E como uma bala Mentos mergulhada em  Coca-Cola devo dizer que o "Ato Médico" explodiu e derramou a falta de cuidado e assistência aos pacientes.
Pude perceber também que esse tipo de comentário e posição sempre vem das pessoas que nunca se quer entraram em um hospital público. Já que as carteirinhas de seus convênios são passadas de pai para filho. Assim como em minha casa. Meu filho nunca entrou em um PS Infantil onde precisou esperar por seis horas para ser atendido.
Pois bem.
Eu, que hoje sou "mercenária" e cresci profissionalmente, não trabalho mais na assistência direta aos doentes como devia traçar aquele papel que assinei há 11 anos atrás. Sou enfermeira que trabalha pra uma multinacional na área comercial.
Entretanto, trabalhei lá (naqueles hospitais de passam na TV) por 8 anos. E que foram essenciais pra minha formação. Tanto profissional quanto pessoal.
E vou contar o que eu como enfermeira já fiz por uma dignidade para meus pacientes.
Já comprei fralda e álcool na farmácia antes do plantão.
Já paguei o dinheiro de um ônibus pra uma mãe voltar para casa.
Já lavei roupa de paciente na minha casa.
Já comprei roupa pra paciente.
Já dei dinheiro pra uma "vaquinha" para comprar um curativo adequado para uma ferida.
Já ninei uma criança no colo porque a mãe não tinha dinheiro pra voltar ao hospital.
Já decidi qual paciente ia poder ocupar uma vaga na UTI.
Já dei a notícia pra uma mãe que seu filho não ia operar por falta de material mesmo ficando na fila de cirugia por dois anos.
Já decidi qual paciente iria receber um medicamento, mesmo sabendo que dois precisavam dele.
Já briguei por maca.
Já usei material da área VETERINÁRIA porque era mais barato e estava disponível ao meu setor.
Já briguei com a lavanderia porque só tinha dez cobertores e fazia 10 graus. E eu tinha 25 pacientes.
Pois bem.
Isso é mérito que veio com o diploma?
Não.
Agora vou contar o que eu presenciei como enfermeira assistencial do lado de um bom médico.
Dois dias acordados e dez cirurgias com sucesso.
Salvar a vida de alguém a meia-noite de um dia 31 de Dezembro com os mesmos materiais de uso veterinário.
Dormir sentado na cadeira do lado do doente.
Não ter o fio de sutura adequado pra terminar a cirurgia.
"Eu fiz, mas não fiz o melhor porque não tinha Vycril 1.0".
"Quanto é aquele curativo que não temos?"
"Vou pagar metade".
"Passei visita. Liberei dieta pastosa. Será que dá pra você conseguir um Danoninho?".
"Não aqui" - eu respondo.
"Vamos comprar".
Isso é mérito que veio com o diploma médico? E agora com mais dois anos no SUS?
Não.
E aqui depois dessas minhas lembranças, tenho a audácia de escrever o que encontro hoje com alguns profissionais médicos com que tenho contato hoje trabalhando lá na ponta do icebergue. Os diretores dos hospitais dos SUS.
"Quanto vou ganhar com isso?"
"Quer o seu produto no MEU hospital?"
"10% da venda vem pro meu bolso".
A questão é:
A assistência do SUS nunca vai melhorar enquanto uma boa enfermeira e um bom médico estejam trabalhando da melhor maneira que conseguem com escassos recursos.
Digo humildemente escassos: infra-estrutura.
E se eu pudesse mudar o mundo, não acrescentaria mais dois anos de medicina,
Só levaria um Sr. Sarney ou um diretor de um hospital público que esteja corrompido com o sistema brasileiro não a um hospital privado. E sim, aquele que eu e esses excelente médicos que trabalhei.
Talvez a falta de cobertor o faria desviar menos verba aos que precisam: pacientes e profissionais.
 
 
 

sábado, 13 de julho de 2013

Elis e eles. Por eles mesmos com o amor.

 
 
Elis chegou descalça e bêbada. Tinha os olhos de ressaca feito Capitu. Havia chorado e interpretado uma música nova que lhe cortou a alma. Puxou uma cadeira e aconchegou a si mesma como quem procura um afago calada. "Bicho, essa coisa toda de sentir me fez feliz e triste hoje, saca?" E sorriu com aquela gengiva a mostra. Sentou segurando uma das pernas. Era a única mulher da roda. Charles puxou o último ar do cigarro, segurou a guimba com as pontas dos dedos, entornou o último gole de seu whisky marrom caramelo sem gelo do copo e disse: " Encontre o que você ama e ele te matará". Elis acendeu um cigarro e piscou olhando fundo em seus olhos. "Ei, Vinícius. Toca alguma coisa pra gente" - ela disse. "Garçom, desce uma gelada pra essa mulher linda de alma." - ordenou Vinícius. Como um excelente sedutor, serviu a moça olhando em seus olhos. Serviu seu copo. Passou levemente a mão em seu rosto como um carinho despretencioso. Sacou o violão do colo e com uma voz rouca cantou resmungando da maneira mais baixinha e possível, prendendo o cigarro entre os lábios e poetizou enquanto todos se calavam. "Se não, é como amar uma mulher só linda. E daí? Uma mulher tem que ter qualquer coisa além de beleza. Qualquer coisa de triste. Qualquer coisa que chora. Qualquer coisa que sente saudade. Um molejo de amor machucado. Uma beleza que vem da tristeza de se saber mulher. Feita apenas para amar. Pra sofrer pelo seu amor e pra ser só perdão". Simonal arrumou seu lenço com as mãos grandes e negras. Buscou seu óculos escuros no bolso, os colocou com a melhor gingada de malandro e soltou aquela gargalhada deliciosa. " Nem vem que não tem. Nem vem de garfo que hoje é dia de sopa ...". Voltando, obviamente, a sua pilantragem com uma musiquinha para machucar os corações. Caio apoiou o queixo na mão encostada nas pernas cruzadas, subiu seu óculos de grau analisando aquele bate papo quase que dinâmico com uma timidez relutante e mandou: "Desde que ganhei o meu PhD em desilusão amorosa, tenho me divertido como nunca". Cartola, o mais velho de todos ali na mesa, ficou inquieto com a discussão. Encheu seu copo. E numa tristeza quase que palpável, disse: " Ouça me bem amor, preste atenção. O mundo é um moinho. Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos. Vai reduzir as ilusões a pó." E completou, acendendo um cigarro. "Às vezes tenho que andar a procurar, rir pra não chorar, ver o sol nascer, ver as águas dos rios correr e ouvir os pássaros cantar". Cazuza estava bolando um cigarro diferente dos demais. Encheu o copo do whisky de Charles. "Elis. Sabe o que me machuca mesmo assim como um revólver que atira em meu coração?Elis soltou aquele sorriso lindo mostrando seus dentes todos. Puxou a cabeça do Cazuza para o seu colo entornando mais um gole de seu copo, batento a bituca no cinzeiro central da mesa. Fez um cafuné rápido como quem acaricia um filho. Ele: "Você me chora dores de outro amor. Se abre e acaba comigo. E nessa novela, eu não quero ser teu amigo. É que eu preciso dizer que te amo." Renato gravava tudo em seu gravador de bolso. Queria ter aquele bate papo para as suas histórias e futuros poemas e prosas que se tornariam músicas. Ouvia silenciosamente. Usava uma blusa branca meio hippie chic. Acendia um cigarro atrás do outro e tomava um vinho tinto em uma taça de boca larga. "Gente, escrevi uma música a um tempo atrás. Acho que, talvez, a letra pode resumir tudo isso aqui que estamos vivendo. Ela dizia mais ou menos assim: " O sistema é mau, mas minha turma é legal. Viver é foda. Morrer é difícil. Te ver é uma necessidade, vamos fazer um filme". TODOS riram. Elis subiu na mesa e puxou um brinde: "Bicho, um brinde à todos nós. Não poderia estar em melhor companhia".
Cheers, amigos.
Eu brindo à vocês daqui. 

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Meu moleque.
Se eu pudesse lamberia cada centímetro de você.
Hoje cheguei em casa e fiquei perdida com a presença da sua ausência.
Essa casa não é nada sem o seu canal preferido na TV da sala.
Fiquei tão sem graça quanto um palhaço sem nariz.
Fiquei com uma melacolia silenciosa.
Porque você é o som que quero ouvir.
Mas sei também que você é um cara de 5 anos que precisa e tem a sua vidinha.
Por isso respeito.
Me segurei pra não te ligar.
Me segurei e ri ao telefone quando você quis falar comigo.
Sempre disse que te crio pra vida
Hoje longe de férias.
Amanhã por uma namorada. Que até já tem nome. "Pietra".
E quando você me perguntou:
"Quando eu ser grande, posso namorar a Pietra?"
Me deu uma vontade de saber e devorar essa menina de 5 anos que faz você pensar isso.
Mas, me segurei e só sorri:
"Claro!"
"Vou mandar um e-mail pra mãe dela perguntando se ela pode brincar aqui em casa qualquer dia desses"
E vc sorriu de gratidão e felicidade.
Mas o fato é: eu não sei mais o que sou eu sem você.
E volta logo.
Estou com saudades.
Beijo grande.
Amo você.
Mamis.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Minhas manias: o inverso e o verso da minha poesia.

Todo ser humano que se respira nessa mundo ervilha tem manias. As minhas são tantas e peculiares que me pego volta e meia pensando nelas. Há de existir alguém que já deixou de me gostar por conta delas. Há quem já me gostou por elas existirem. Mania é bunda, meu bem. Cada um tem a sua. Pequena, grande, mediana, caída, malhada. Cuide da sua pra ela não fazer um você e sim, você fazer dela parte de si. Ligo o chuveiro três minutos antes de entrar nele. Tomo café com leite frio e uma colherzinha de açúcar. Quase conto os grânulos pra isso. Tenho 54 esmaltes e chego a ficar com a mesma cor dois meses seguidos. Tenho 127 pares e não pares de brincos e uso um deles por um mês sem pensar em trocá-los. Bolsas. Ah! As bolsas. Devo ter umas 20 delas. Mas o sacolão preto fica pra lá e pra cá o tempo todo comigo. Puxo com dois dedos a parte de trás do cabelo, fico alisando e sentindo o fio. Se tiver ruim, arranco. E aquela dorzinha boa faz inexplicavelmente me sentir bem. Tomo café carioca como água. É só ver uma padaria qualquer que logo penso: "Pausa pra ele". E viro aquela xicarazinha em um gole só com o atendente olhando pra minha cara. "Quanto é?". E sorrio no mesmo instante que ele pensa: " Ela é maluca, só pode". Falo sozinha. Nossa, e como falo. Pergunto, respondo e comento o assunto. Seco o cabelo cantando qualquer coisa pro espelho. Vem desde MC. Catra até Chico Buarque passando por Florence in the Machine. Guardo todos os papeizinhos amarelos dos recibos do cartão na carteira até ela não fechar e explodir como quase um sorteio dentro da bolsa. E depois os jogo fora, sem conferir nenhum, é claro. Tenho um creme de mão em cada bolsa. E cada bolsa é como quase um tesouro perdido. Quando uso outra sem ser o sacolão preto, descubro uma escova de dente nova, fio dental e um batom. Tenho a péssima mania de não saber qual é o saldo da minha conta. E muito menos lembrar qual dia do vencimento das outras delas. Pago todas no mesmo dia. Que não sei bem qual é. Mas a agenda não fecha mais e então, me lembro que tenho que passar no banco porque tem 20 delas lá dentro. Tenho TV por assinatura e ligo sempre em um só canal. Durmo com a TV baixinha como uma música de acalento. Escuto a mesma música dez vezes por dia. Mas posso destetá-la como em um piscar de olhos. Adquiri a mania de ouvir mais do que falar. Mesmo tendo opinião formada sobre quase tudo. Tenho mania de andar de all star aos finais de semana, não importando a roupa. Desenhei e desenho meu corpo com tatuagens. Uma mania difícil de explicar. Falo um linguajar próprio com o meu filho. Mudamos os nomes das coisas. A frase: " Você faz meu Nesquik?", se tornou: " Mamis, você faz Nequiskóviski?". O porta malas do meu carro é um mochilão. Você encontra sapato, calça, maquiagem, papéis de trabalho e até pacote de bolacha. Tenho quase 30 canecas. Mas, tomo sempre na mesma. Uma da Thinker Bell. Não tomo cerveja em latina. Prefiro no copo. Tenho 5 caderninhos de anotações. Tenho mania de fotos. Minha casa é regada delas. Coleciono rolhas. Muitas delas. Umas com datas e outras não. 3 livros na  cabeceira. Dois celulares em modo on. Tenho mania de lavar roupa. E ( Meu Deus! ) ficam todas sem passar empilhadas no canto da cozinha ao ponto do armário ter mesmos lá dentro do que fora. Tenho uma mania muito boa ( acho ) que é de olhar pras pessoas. E de cultivar amigos. Dos mais variados espécies e famílias. Tenho uma ótima mania de aceitar as manias dos outros e quem são ou sejam eles. Essa é minha poesia. Qual é a sua?

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Corra Lola, corra.


Hoje ao pedir meu café carioca  na lanchonete do shopping percebi que precisava de algo. Aqueles 30 segundos que a garçonete não olhou pra mim me irritou de uma tal forma que comecei a bater os dedos no balcão. E me irritei com o sorriso dela pra história que ela contava pra colega e demorou pra me atender. Me irritei com a demora de 30 segundos. Quando ela veio me atender -1 minuto depois- eu já nem queria mais o café. Tenho pressa. Os 45 segundos que meu leite esquenta no microondas me irrita. Fico olhando aquele prato giratório com a minha feição refletida. E me irrita logo cedo da pressa que tenho. E, então, lembrei da pressa que tinha quando corria. Lembro que cheguei a correr três vezes ao dia. Minha corrida era tanta que o suor era grânulos de sal em meu lábios. E eu tinha 19 anos. Corria com pressa da juventude. E cheguei a ganhar os 400 metros na faculdade. E hoje não subo dois lances de escada. E foi então que percebi que tenhia que voltar. Escolhi um tênis cor-de-rosa esperançoso. Pedi uma play list pra alguém. Aprendi a usar iTunes. E, "Meu Deus, eu corria com o disc-man preso no short"- sorri. Passaram-se alguns anos. Pois bem, lá fui. Acoplei os fones e mandei ver. Baixei um aplicativo de corrida pra saber o tempo x caloria x Km/hora x distância. Primeira música: trilha sonora de um dos meus filmes alemães prediletos. "Corra Lola, corra". E foi mágico. Marquei a batida da música com os passos. 2 km e já estava querendo vomitar pelo reflexo vagal. "Não." - eu sussurava pra mim mesma. "Vai!". E  a batida continuava. O grito de Lola no filme e as imagens rápidas como passaram pra ela me alcançaram. Fui deixando cada imagem fotografada por mim pra trás. Pesada. Foi isso que senti. E não respirava mais. Respirava sem fôlego. Suei feito um lutador de box, um jogador de futebol ou uma pessoa a pular de um precipício. 5 km e eu estava morta. Nem pensava mais. Desliguei o som. Escutei meu coração. Batia feito um tambor sem harmonia. E minha respiração denunciava meus vícios: cigarro e cerveja. Minhas mãos tremiam. Minhas pernas não respondiam. Só consegui sentar. Deitei. A grama úmida refrescou minhas costas. Sentia que estava tão quente e vermelha que meu rosto explodiria. Passaram-se 1 minuto (aquele mesmo minuto que irritou logo cedo). Fechei os olhos e olhei o céu. Meu corpo estava pleno. Podia sentir cada veia irrigando minha carne. E ali quase morta, respirei. Respirei um ar quase que puro. "Como pude me esquecer da sua plenitude, Dona Serotonina?". Que sensação boa! E foi então que um dos melhores prazeres da vida sorriu e disse: "Seja bem vinda de volta, corra sempre. E aprenda logo menos a voar."
http://www.youtube.com/watch?v=cdKjNOLl58E
 
 

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Feliz Dia das Mães

Me lembro que quando descobri que estava grávida o chão se abriu nos meus pés. Enterrei a cabeça e o corpo por umas duas semanas até poder respirar de novo. E depois respirei e respirei. Como a natureza é muito sábia, não me recordo mais de nada. Só sei que fiz tudo muito certinho. E então, quando ele nasceu, demorei outras duas semanas pra famosa ficha cair. Chamava ele de "bebê" e fiquei umas duas noites acordadas olhando pra ele como que querendo engolir, como que querendo viver aquilo. E disso ninguém fala. Ninguém te explica. Nem eu saberia explicar agora pra alguém. Mas, um belo dia incorporei. Depois disso, parei de simplesmente respirar e vivi. Olhei cada avanço daquele careca sem dente. Cheirei cada centímetro de orelha e no meio dos dedos dos pés. Me tornei uma leoa. E por mais que a vida desse rasteiras, lá estava eu com sorriso no rosto olhando cada passo, cada colherada, cada dente nascendo. E jurava que aquilo era ser mãe. 
Não. Não. Ser mãe de verdade é não ter controle do cuidar.
Quando ele caiu e teve que ir para o hospital tomar pontos na boca eu fui a última a saber. Me ligaram dizendo: " Olha, mãezinha (odeio!), está tudo bem. Estamos esperando o cirurgião plástico". Disso eu me lembro. Meu chão não se abriu, ele simplesmente não existia. Como se eu não respirasse. Nem deu tempo de chorar. O instinto falou mais alto, atravessei a cidade e mataria qualquer um que estivesse no meu caminhou. Era uma mistura de desespero com a melhor plenitude de estar viva. Um nó sem fim. Me lembro que eu pensava: "PRECISO vê-lo". Cheguei em casa e tive o comportamento de uma psicopata. Olhei cada detalhe friamente, abracei aquele garoto com a boca inchada e alguns pontos. Contei cada dedo. Cheirei a orelha e depois de tê-lo em meu colo que desabei. Um choro angustiado. Um choro de revolta com a vida. Ali descobri que não posso nada. 
Depois veio a cirurgia. Eu fiz tudo com a mesma alma psicopata. Levei no cirurgião pediatra. Briguei com o convênio como uma advogada. Expliquei pra ele como uma excelente professora. No dia, na sala (coisas de enfermeira que pode ficar), quando ele foi anestesiado, lá estava de novo aquela sensação. Lembro que quase desmaiei. Olhar ele "quase morto" me fez morrer junto. Saí imediatamente. E fiquei esperando do lado de fora roendo unhas. Ali descobri novamente que não poderia fazer nada.
E hoje, ele um cara querido, esperto e sorridente. Feliz. Veio a reunião da escola nova. Fui chamada de canto. "Mãezinha, precisamos conversar". Recebemos as avaliações. Ele é o pior da turma. O que tem mais dificuldade. 
"Como?"- chão se abrindo.
"Ele tem não está atingindo o esperado para o bimestre".
Eu queria responder:
"Deixa ele. Ele é MEU FILHO, vocês não sabem de nada".
E mais uma vez veio aquela sensação de impotência perante a vida.
E foi então, depois de cinco anos que percebi.
Ser mãe é ser essa leoa. É cheirar a orelha em casa. 
O que vem de fora e derruba o seu chão, não pode derrubar o dele.
Você está ali para abraçá-lo e dizer:
"Pronto. Eu estou aqui".
E a gente briga, luta, quer controlar a vida. Mas não consegue.
O segredo é criar da melhor maneira. 
Cria-se pra vida. Tentamos o melhor.
E cheira orelha de filho. E torce pra que quando ela, a vida, chegar assim derrubando o chão dele. Você esteja lá dizendo:
"Pode derrubar. O chão dele é  meu e a gente, junto, aguenta".
Feliz Dia das Mães!

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Minhas ousadias

A cada dia o copo fica vazio. Minha maior ousadia é acordar com a cara de não dormir. Com se aquelas olheiras que são parte do que me tornei pudessem dizer algo. Minha maior ousadia é descobrir o encanto de cada música predileta. E ler aquele trecho do Bukowski e pensar: "como ele pôde? E pode? Enfim". Minha maior ousadia é cantar com a janela do carro aberta. E tirar fotos de uns fragmentos da minha cidade como se pudesse dizer à ela o quanto meus olhos estão treinados para ver o colorido de sua beleza cinza. Uma das minhas maiores ousadias é almoçar com pessoas diferentes quase que todos os dias. Semana passada tive a ousadia de ir ao cinema sozinha. Não por uma vez, mas por duas. Minha maior ousadia hoje em dia é observar as pessoas. Vejo rostos, sorrisos. Vejo mãos dadas.  Vejo mulheres grávidas e crianças com aquele sorriso sincero e olhos inquietos inocentes. Minha maior ousadia, dentre tantas outras, é andar descalça e não usar maquiagem aos finais de semana. Cozinho pra mim mesma e abro o meu vinho de uma taça só. E acho isso uma ousadia quase que desrespeitosa. Uma das minhas ousadias prediletas é assistir Poderoso Chefão e todos os seus três filmes em um sábado a tarde que vira noite e de pijama de sexta. Minha maior ousadia foi tomar uma café na cafeteria chic da cidade quando eram quatro da tarde de um dia de trabalho. Foi outra vez paquerar aquele brinco na vitrine e pensar que no décimo terceiro voltarei lá para comprá-lo. Minha maior ousadia foi comprar uma casa e dela fazer meu lar. Minha maior ousadia é escrever. Talvez porque posso de alguma forma despertar a ousadia de quem me lê. Uns irão sorrir concordando. Outros vão buscar suas ousadias. E hoje quando recusei os convites de sair pude perceber que a maior  ousadia de alguém é gostar da sua própria companhia. E fico assim, esperando a outra das minhas ousadias prediletas: o domingo de manhã quando coloco a mesa de café farta com ovo mexido e fruta pra mim mesma.
http://m.youtube.com/watch?v=S2Cti12XBw4

terça-feira, 2 de abril de 2013

A resposta da carta dos 18.

Hoje procurando um raio de um estojo com dez pen drives dentro (minha vida) que sumiu na mudança de casa, achei uma carta pra mim. Tinha escrito aos 18 anos numa revolta com a vida. Tinha essa mania de escrever e escrever desde sempre. Estava em letra de forma. Que eu nem sabia que já escrevi assim. Devia ser uma mensagem subliminar e psicológica de personalidade de adolescente. Enfim. Li umas cinco vezes. Dizia onde eu queria estar aos 30. Tem 10 itens de "coisas a conseguir". Devo dizer que, entre ser secretária  e ter um restaurante, eu consegui duas: ter um filho e trabalhar naquilo que gosto. E, então, lá veio mais esse texto agora. "Coisas que quero conseguir antes dos 40". Claro que exclui a paz mundial. Vamos lá:
Conhecer a neve.
Viajar para Paris, Lençóis Maranhenses e ter o respingo das forças das águas de Foz do Iguaçu no rosto em uma viagem de férias.
Ir pra Disney com meu moleque.
Terminar de pagar a casa.
Sair do limite do cheque especial.
Ver meu time ser campeão do mundo mais vezes.
Ver meu filho ter 15 anos escutando Raul, Paralamas, Legião e Queen.
Ver os filhos das minhas amigas nascerem e crescerem.
Que meus pais fiquem mais esses anos perto de mim.
Ver meus sobrinhos na faculdade.
Ver meu irmão ficando de cabeça branca.
Ter a sagacidade da minha chefe.
Trabalhar como se ainda tivesse 20.
Cultivar samambaias e orquídeas no quintal como uma boa jovem senhora. E conversar com as mesmas como a minha mãe.
Sorrir pra lua.
Ir a praia de maiô e não me sentir menos gostosa que as garotas de 25.
Ficar uma semana em um retiro.
Tentar (eu disse tentar) ser vegetariana e mais natural com a alimentação.
Voltar a correr todos os dias como fazia aos 20.
Usar toda a tecnologia a meu favor. (E salvar tudo "on line" e não em pen drives - achando que é a última geração tecnologia).
Continuar comprando livros e CD´s.
Nunca deixar de escrever.
E, por último, talvez quisesse que tudo isso acontecesse com alguém do meu lado. Só que não. Tudo isso pode acontecer mesmo que sozinha, enrolada e engolida pela vida. Porque o que realmente deveria querer e descobrir eu já tenho. Minha felicidade quieta e infinita na minha plenitude.
Mas, um amor sempre é esperado e desejado.
Pois bem, que apareça uma companhia pra ver tudo isso comigo.
E devolvo a pergunta aos meus amigos com 40 ou mais.
Falta algo que devo acrescentar?
 
 
 
 
 
 

sexta-feira, 29 de março de 2013

Desejo a lua iluminando minha cama pela fresta da janela. Desejo pôr-do-sol na beira da praia. Na canga furada. Desejo cheiro de roupa limpa no início do dia. Desejo sorriso de doer a barriga. Desejo aquele frio na nuca. Desejo sensação de família reunida no almoço de domingo. Desejo ver TV de domingo abraçada e acalentada. Desejo aquela sensação boa de pagar as contas. Desejo o cheiro bom da comida feita pelo pai. Desejo o sorriso de cumplicidade de quem trabalha comigo. Desejo a companhia dos meus poucos e bons amigos. Desejo a ressaca dos problemas inundados e superados. Desejo o cheiro de cangote da minha cachorra. Desejo a esperança da viagem de férias. Desejo ter mais sapatos. E mais brincos. E mais anéis. Desejo ter menos 5 kilos. Desejo terminar os três livros que leio ao mesmo tempo. Desejo acreditar mais na minha intuição. Desejo acreditar mais nas pessoas. Desejo que meu dia tenha trinta horas. Desejo não magoar mais ninguém. Desejo acordar e acreditar que estou no lugar certo na hora correta. Desejo dormir tranquila. Com aquele som da TV baixinha. Desejo dizer "eu preciso dizer que te amo". Desejo acordar e pensar em alguém. Desejo não ter medo. De nada. Desejo não me sentir só lutando contra a maré. Desejo ser leve. Desejo não provar que consigo. Que estou bem. Desejo que a vida sorria pra mim como eu sorrio pra ela. Desejo descobrir muitas músicas que falem de mim. Desejo fotos tiradas por mim da minha cidade querida que me acolheu silenciosamente de novo. Desejo meu cigarro na janela. Com o meu copo do lado. Pensando no amanhã. Desejo o sorriso do meu moleque. Desejo meu futuro. Numa inquietude quase infantil. Desejo Clarice, Rubem Fonseca e Charle Bukowski. Apesar de ninguém achar que tenho meus 32 anos, hoje olhei minha mão. Estava enrrugada e velha, na melhor representatividade do que sou. E sorri. É, Dona Clarice, o que a gente deseja talvez não tenha tem nome. Eu me arriscaria a dizer que talvez tenha: VIDA! : )
 

quarta-feira, 13 de março de 2013

A casa nova.


A casa nova tem cheiro de esperança. E, como diria um amigo meu, fácil é me tirar da Zona Leste. Difícil é tirar a Zona Leste de mim. E foi bem isso mesmo. Depois te der voltado pra São Paulo há cerca de dois anos e meio, procurei muito pela casa nova. Vi apartamentos no centro, na Zona Sul, em todos aqueles lugares que ficavam 20 minutos do trabalho. Não me interessava por nenhum. E voltava frustada por não ter 500 mil para dar em 60 m2. Ficava remoendo a acolhida do meus pais como castigo. Olhava o quintal  deles com aquele desgosto de terrota. E, então, um belo dia parei no semáforo na Penha e olhei pra direita. Lembro que era um dia quente. "VENDE-SE SOBRADOS" - eu li. Parei o carro e desci com a maior contrariedade de todas. Entrei e lá estava ela. A casa nova. Pequena. Sobrado, quintal com churrasqueira, terceiro andar com sótão de escada de correr pra baixo como filme. Senti o cheiro de felicidade. Era lá. Hoje fazem 6 meses que isso aconteceu. Da papelada toda, de toda a reforma e dos acabamentos necessários. Da pausa pela falta de grana. Mas, confesso que quando o dia era muito ruim, pegava a chave e entrava. Ficava sentada na escada. Ficava imaginando como poderia ser, ou melhor, como queria que fosse. Olhava aquilo tudo e sorria. Tinha achado. "Está aqui meu futuro!"- eu pensava. E escolhi cada detalhe dela. Da torneira do tanque a cozinha "igual da Ana Maria Braga". Porque era um sonho quase infantil, mas que me faria me sentir bem. Calculei cada cm do orçamento do que queria pra mim. A viagem pra Paris não vai vir tão cedo. Mas, hoje quando entrei e vi o sonho realizado eu me senti completa. Viva. Vendo meu pai com o orgulho quase estampado em seus olhos em instalar todas as fiações elétricas. Eu sei que o ventilador de teto desligará a geladeira. Mas quem se importa? E tem o clube do lado. Vamos à piscina aos finais de semana. E tem jeito-bairro-simplicidade de Zona Leste. Vai ter churros da combi. Vai ter produtos de limpeza sendo anunciados em carroceria velha de caminhão. Vai ter um pouquinho da minha infância. A bandeira do meu time vai pra sacada. Os vizinhos vão ser pessoas normais, vou escutar briga de marido e mulher e o grito de gol vindo do jogo. E agora sim, a "casa do clube" - como diria minha melhor amiga - vai estar disposta pra aliar a meu amor por estar de volta  a essa cidade linda pra poucos e pra receber de verdade os meus amigos. Com direito a feijoada, dobradinha e churrasco preparados por mim. E nas vésperas do meu aniversário, não poderia dizer algo mais justo do que: " MI CASA. SU CASA". Logo menos um open house geral pra malandragem.

segunda-feira, 11 de março de 2013

 
De uma conversa daqui. Uns diálogos de lá. Veio minha inquieta vontade de escrever sobre essa meia idade. Daquela que já passou dos 30. Se bem que nem posso chamar de meia idade. Porque já adotaram esse termo pra outra faixa etária. Somos, então, antes de mais nada, um setor da sociedade sem classificação. Quando leio ou ouço "um jovem de 30 anos" já descordo de antemão. Não somos mais jovens. Somos um meio adulto, ou quase isso. Na verdade, somos tão mais adultos que muitos senhores e bem mais jovens que muitos adolescentes. Quem tem mais de 30 já entendeu que a vida não é fácil pra ninguém. Que você não é a pessoa mais importante do Universo. Aprendemos que não adianta chorar sentado em cima dos problemas. Eles existem e você terá que fazer o seu melhor para torná-los amenos. Aprendeu que a sua família sempre estará contigo. E que os seus amigos caberão em uma mão quando contá-los. Mas, esses, dariam a vida por você. E você daria a sua por eles. As pessoas de mais de trinta já choraram por amor. Mas, sabem que é no desamor que aprendem verdadeiramente o que é amar. Porque não aceitamos mais errar. A mão fria, a taquicardia, a ansiedade existe. Você pode até ficar com medo. Porém, já sabe muito bem o que fazer e o que não fazer pra que tudo isso jogue a seu favor e não contra. Se não o fez, foi porque escolheu que não. Porque já aprendemos que a vida é feita de escolhas. E por mais clichê que isso possa soar, é nessa idade que entendemos que existe consequências. E, então, tentamos escolher sempre a melhor forma, a melhor atitude, a melhor frase e dar o melhor sorriso. O melhor de si. E queremos o melhor da vida. Pois bem. Rimos dos caras coloridos que dizem fazer música porque somos daquele tempo do Legião Urbana. E não entendemos mais as gírias modernas. Nós nos adaptamos. Temos Iphone, Tablet, não imprimos mais papel. Entretanto, temos saudades do cheiro de álcool da prova rodada no "mimeógrafo". (Quem lembra?). Sorrimos quando trouxeram de novo o chocolate Lollo. Aprendemos que saudosismo é amadurecer. E, de repente, temos saudades do cheiro do colo da vó. Estamos quase prontos pra essa montanha russa. Mas, foi uma mudança tão rápida que a minha geração dos Anos 80 ficou gravada apenas pelas roupas coloridas. O engraçado que se bem me lembro, a internet (pelo menos para mim) chegou quando eu tinha uns 21. E parece que foi ontem. Esse mundo está muito mais depressa que podemos posso perceber. Mas sabe? Nos meus 32 anos quase completos, sou uma workaholic paulista, modo on 24 horas e tal, escondendo minhas tatuagens e meu cabelo raspado nas laterais com roupas sociais no melhor trejeito mulher madura. E  o que tenho saudades mesmo é das coisas mais simples. Tenho saudades das lições de caligrafia. E tenho saudades da minha própria letra. Porque em tempos atuais, até canetas até estão em extinção. E se não está fácil pra elas - as canetas-, imaginem pra nós, os órfãos de lá com a conectividade de cá. Lembro-me que gritava pra minha mãe que quando crescer iria ser muito diferente dela. E hoje, nesse silêncio do computador e do barulhinho das teclas aceleradas para esse texto ficar pronto eu digo a melhor frase que esses meus 32 poderia me trazer: Queria mesmo era viver como meus pais. E, concordo em gênero número e grau com o Sr. Nelson Rodrigues:" Jovens, envelheçam".
 
E por quê Maria Rita ao ivés de Elis?
Porque até ela amadureceu e viu que amar a mãe fez dela algo melhor.
E isso, eu aprendi.
Vem vida! Meus 33 estão te esperando!
 

quinta-feira, 7 de março de 2013


SP. 5:30 hs. Alarme. Soneca. 15 minutos.  Já atrasada. Ressaca. Levanta. Banho quente. Escova o dente no chuveiro. Toalha lilás. Cheiro de cachorro molhado. Espelho. Sorriso. Piscada. Bom dia do adesivo grudado ao lado. TV baixinha. Noticiário. Secador. Creme hidratante. Cheiro de Moça Bonita. Desodorante três vezes. Perfume. Armário. Roupa social. Desce. Café na cafeteira quebrada. Leite gelado. Pão na maquininha. TV da sala baixinho. Computador ligado. E-mails respondidos na velocidade da luz. Raios de sol. 6:30 hs. Sobe. Acorda o filhote. Deita 5 minutos. Bafo de leão de moleque crescido. Chantagem da vida. " Você vai me buscar hoje?". Silêncio. Arrasta pro banho. Brinquedos imersos no shampoo caro. Desce. Nesquik com leite morninho. Sobe. Toalha azul. Cheiro de limpeza. Sorriso. " Tamo junto, né?". Toque de mão. Piscada e selinho. Uniforme. Escolhe meia combinando com a cueca box. Nesquik no uniforme. Estresse. Fecho os olhos. Descemos. Recado na agenda. Lanche. Fecha o computador. Mala 1, bolsa 2, mochila 3. Carro. Brijite pula. Suja os dois. Estresse. Fecho os olhos. Carro. História de geminiano. Fofoca do amigo. Escola. Selinho. " Te amo". Carro. Rádio. CBN. Trânsito. 8:00 hs. Atrasada. Celular. Fone. Óculos escuros. Chefe. Estresse. Primeiro cigarro do dia. Sol lindo. Cidade apressada. Foto da janela do detalhe. Facebook. " Bom dia flor do dia!" - melhor amiga no Whatsapp...  Cliente. Reunião. Estresse. Fecho os olhos. Café carioca na padaria. Celular. 10:30 hs. Carro. Trânsito. 89 Rádio Rock. Canto no inglês da ZL. Celular. Segundo cigarro do dia. Reunião. Estresse. Fecho os olhos. Mas, dessa vez, suspiro. 12:00 hs. Evento social paulistano. Almoço com a amiga. Risada solta. Limonada batida com açúcar e brigadeiro. Confidências. Amores. "Causos". Beijo, outro, tchau. Sol. Carro. Ar condicionado no último. Rádio. Celular. E-mails. Resposta rápida. Cliente. Reunião. Estresse. 16:00 hs. Atrasada. Celular. Fone. Chefe. Excel. Metas. Números. 16:30 hs. Trânsito. Lembro da chantagem da vida. Amiga faz sorrir no Whatsapp. Cigarro. Água com gás. Celular. Cliente. Elogio. Sorrio. Chiclete. Música alta. Janela fechada. Escola. Moleque sujo. Estresse. Sorrio. 18:00 hs. Janta. Geladeira vazia. "Bora comer camarão?". " Siiiiimmmmmm.". Restaurante. Amigo Whatsapp. Sorrio. Descasco um por um. Fanta Uva pra fazer xixi roxo. Sorrio. Nos divertimos. 19:30hs. Carro. Filhote dorme. 20:00 hs. Casa. Suor de carregar 17 kg mais 5 de mochila. Celular. Chefe. Estresse. Trabalho pra noite. Ele dorme. Computador aberto. E-mails. Cerveja no sofá. 5 delas, talvez. Fone. Cigarro na janela. O dia acabou. Whatsaap da amiga falando do Big Brother. Sorrio. 21:00 hs. Trabalho feito. Facebook. Blog. 23:00 hs. Subo. Quarto. TV baixinha. Pijama. Mensagem no celular:
" Acabou."
E fazendo essa retrospectiva, talvez fictícia, ou não.
Essa é minha vida. Não esteve nela em nenhum momento.
E eu pergunto:
"Quando foi que começou?"
Eu vivo com medo e vou com ele mesmo.

domingo, 3 de março de 2013

Faltava esse texto. Como tantos outros, eu sei. Mas esse já estava escrito há cerca de dois anos em mim. Uma tatuagem gravada mais na alma do que na pele como muitas que já tenho. Só respeitei e amei de verdade minha mãe quando me tornei uma. Sem clichê. Só maturidade mesmo. Enfim. Mas não vou falar dela. Nem daquelas que que enfrentam essa vida com alguém do lado. Vou falar das bandas de cá. Das solteiras. Ser mãe solteira é aguentar uma barra três vezes maior que o seu peso. Como aquela história que diz que a formiga carrega cem vezes o seu peso. Temos força pra dizer que somos uma família com a conta matemática somada em dois. Fazemos mercado, unha, cabelo, açougue, shopping, restaurante, parque, praia, clube e cinema com o rebento a tira colo. Assustamos nas festinhas de aniversário. E não somos convidadas para a próxima porque existe um preconceito velado das famílias convencionais. E, garanto, isso existe. A professora do colégio olha com cara de piedade, por mais que você apareça linda na reunião da escola. As mães convencionais te olham de uma maneira que diz na quietude das palavras as frases mais duras que você pode ouvir. Ser mãe solteira é assustar o cara no segundo encontro. Quando ele acha que seu sorriso poderá fazê-lo fazer parte da vida dele. Mal ele sabe que sua vida está completa. Há de separar a mãe solteira da mulher solteira. Porque continuamos mulher. Ainda acreditamos no amor. Só não aconteceu daquela vez. E pode acontecer depois. E acreditamos nisso. Não queremos ninguém pra pagar as contas e pra assumir aquilo que já assumimos. O jantar ainda é jantar a dois. Mas o celular estará do lado. E a foto ficaria muito mais linda se você estivesse lá também. Um complemento na vida quase completa. Na esperança de óculos de que gritaríamos pro mundo que a felicidade pode existir nos mais belos lugares. E então, fico assim. Vivendo você que tem medo de mim.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Nunca fui favorável a brigas de sexos. Aliás, acredito tanto na igualdade de todos que não exergo sexo, gênero ou grau. Enfim.
 Meninas, sejam mulheres. Digam pra que vieram. Leiam sacanagem em livros e não liguem para o que os homens pensem sobre isso. Batam na mesa do bar quando for preciso. Saiam sozinhas. Vistam saias curtas. Paguem suas contas. Beijem quem vocês achem melhor. Cassem. Riam alto. Gargalhem contando aquele fato inusitado. Levem ele para cama. Se divirtam. Tenham família. Ouçam seus pais. Tenham amigos homens. Carreguem all star nos pés. E salto alto nas horas apropriadas. Andem descabeladas. Escovem quando for necessário. Não percam o sorriso de menina. Nem o olhar de mulher. Lancem-se na vida rodopiando como só o sexo feminino sabe fazer. Brilhem na roda de amigos. Chorem quando preciso. Escutem aquela música mil vezes até enterrar o fato de escutá-la. Liguem pra perguntar qual cor de esmalte usar. Cortem o cabelo. Ele cresce. Não é patrimônio infinito, um dia ele vai ficar branco. Seja morena, loira, ruiva e natural. Usem tranças. Usem franjas. Tenham o preto básico. Saiam pra arrasar. Saiam só pra dançar. Comam brigadeiro de colher na TPM. Levem café na cama. Sonhem em casar.
Meninos, sejam homens. Digam pra que estão aqui. Mantenham suas Playboys no banheiro. Não se assustem se ela bater na mesa do bar discutindo com vocês. Saiam com elas. Não liguem para as roupas que elas usam. Ela está com você e uma saia não vai dizer o contrário disso. Paguem as suas contas e o jantar com ela. Beijem a mulher que você conseguirá conversar depois. Párem de caçar bundas e peitos. Riam com ela e dela. Gargalhem juntos. Levem ela para cama. Divirtam-se. Tenham família. Ouça sua mãe. Conserve seus amigos. Ela chegou depois. Mas, quando ela pedir atenção: dê. Deixem a barba crescer (mesmo que for só o final de semana). Não use camisa social quando for sair. Não percam o sorriso de menino. Nem o olhar de homem. Não se comporte como se o seu braço malhado fosse melhor que o seu cérebro. Barriga de cerveja é charmoso. Chorem quando sentirem dor. Física ou de coração. Carreguem a bolsa, a mochila e sorria. Digam que ela está linda naquele vestido. Peçam colo. Esperem a TPM passar quietos. Levem café na cama. Sonhem em casar.
Mulheres e Homens: vocês se complementam. Não é briga de braço. É encaixe, seja qual for o gênero que você é. Entreguem-se. Um renuncia um fato. O outro completa.
http://www.youtube.com/watch?v=t6ytKn1JTwk

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

 
Tenho lembranças tão boas de alguns momentos que me pego sozinha olhando pela janela. Ao fundo o vai-e-vem de sempre depressa e correndo. Tentei abrir a janela para algumas pessoas. Tem gente que só reclama da altura e reclama do vento. As melhores puxam uma cadeira e ficamos no melhor da vida: a conversa despretenciosa. Certas lembranças permanecem para todo o infinito da palavra sempre, como o dia de hoje de vento gelado e cor cinza. O mundo se esbarra e o pedido de desculpa é rápido sem contato de olhar. Fico pensando quando o cheiro do pescoço se domou pelo barulho da mesnsagem no celular. Perdi esse episódio. E então, me surpreendo com uma saudade boa quase feliz cor-de-rosa-morna. Do meu vício de querer conversar de perto,eu sei bem. Cada vez que fico assim meio que olhando "a vida como ela é", tiro o sapato, sento na grama e lá segue meu coração olhando as folhas verdes e pequenas. Sorri duas vezes quando lembrei de alguém, mas sorri mais vezes por ser assim desse meu jeito. Do meu jeito. Já agreguei tanto de mim em mim mesma que para estar presente constante nesse momento tem que fazer bem. Admiro quem se faz bem. Teve "bom dia" ao português da padaria. Só sei que essa cidade respira e inspira essa sua solidão. Daquela que te faz paz. De se fazer companhia. Cinema, almoço gostoso e debaixo da árvore com o livro da vez com você mesma. Nessa ordem. Andei tanto buscando ser feliz que somente hoje percebi que seguindo o conselho de dançar com a solidão que me deparei com a felicidade. Solitária na presença da sua própria companhia. Calada, quieta e presente. Em silêncio, ouço meu coração involutariamente na melhor da sua plenitude calma e completa. Livre. Livre do som da mensagem do celular. E presa no cheiro do pescoço. Quanto mais conspiro a favor do Universo, mais Ele me mostra a importância de ser um coração sereno, ser um sorriso no rosto e um som que ecoa da minha alma de mulher crescida. Triste é aquele que tem medo de si mesmo. Sorri para mim hoje. Eu mereci.
http://www.youtube.com/watch?v=AYyYp2n03OA