Aos poucos e bons. Sempre.

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quarta-feira, 13 de março de 2013

A casa nova.


A casa nova tem cheiro de esperança. E, como diria um amigo meu, fácil é me tirar da Zona Leste. Difícil é tirar a Zona Leste de mim. E foi bem isso mesmo. Depois te der voltado pra São Paulo há cerca de dois anos e meio, procurei muito pela casa nova. Vi apartamentos no centro, na Zona Sul, em todos aqueles lugares que ficavam 20 minutos do trabalho. Não me interessava por nenhum. E voltava frustada por não ter 500 mil para dar em 60 m2. Ficava remoendo a acolhida do meus pais como castigo. Olhava o quintal  deles com aquele desgosto de terrota. E, então, um belo dia parei no semáforo na Penha e olhei pra direita. Lembro que era um dia quente. "VENDE-SE SOBRADOS" - eu li. Parei o carro e desci com a maior contrariedade de todas. Entrei e lá estava ela. A casa nova. Pequena. Sobrado, quintal com churrasqueira, terceiro andar com sótão de escada de correr pra baixo como filme. Senti o cheiro de felicidade. Era lá. Hoje fazem 6 meses que isso aconteceu. Da papelada toda, de toda a reforma e dos acabamentos necessários. Da pausa pela falta de grana. Mas, confesso que quando o dia era muito ruim, pegava a chave e entrava. Ficava sentada na escada. Ficava imaginando como poderia ser, ou melhor, como queria que fosse. Olhava aquilo tudo e sorria. Tinha achado. "Está aqui meu futuro!"- eu pensava. E escolhi cada detalhe dela. Da torneira do tanque a cozinha "igual da Ana Maria Braga". Porque era um sonho quase infantil, mas que me faria me sentir bem. Calculei cada cm do orçamento do que queria pra mim. A viagem pra Paris não vai vir tão cedo. Mas, hoje quando entrei e vi o sonho realizado eu me senti completa. Viva. Vendo meu pai com o orgulho quase estampado em seus olhos em instalar todas as fiações elétricas. Eu sei que o ventilador de teto desligará a geladeira. Mas quem se importa? E tem o clube do lado. Vamos à piscina aos finais de semana. E tem jeito-bairro-simplicidade de Zona Leste. Vai ter churros da combi. Vai ter produtos de limpeza sendo anunciados em carroceria velha de caminhão. Vai ter um pouquinho da minha infância. A bandeira do meu time vai pra sacada. Os vizinhos vão ser pessoas normais, vou escutar briga de marido e mulher e o grito de gol vindo do jogo. E agora sim, a "casa do clube" - como diria minha melhor amiga - vai estar disposta pra aliar a meu amor por estar de volta  a essa cidade linda pra poucos e pra receber de verdade os meus amigos. Com direito a feijoada, dobradinha e churrasco preparados por mim. E nas vésperas do meu aniversário, não poderia dizer algo mais justo do que: " MI CASA. SU CASA". Logo menos um open house geral pra malandragem.

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