Aos poucos e bons. Sempre.

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sexta-feira, 26 de abril de 2013

Minhas ousadias

A cada dia o copo fica vazio. Minha maior ousadia é acordar com a cara de não dormir. Com se aquelas olheiras que são parte do que me tornei pudessem dizer algo. Minha maior ousadia é descobrir o encanto de cada música predileta. E ler aquele trecho do Bukowski e pensar: "como ele pôde? E pode? Enfim". Minha maior ousadia é cantar com a janela do carro aberta. E tirar fotos de uns fragmentos da minha cidade como se pudesse dizer à ela o quanto meus olhos estão treinados para ver o colorido de sua beleza cinza. Uma das minhas maiores ousadias é almoçar com pessoas diferentes quase que todos os dias. Semana passada tive a ousadia de ir ao cinema sozinha. Não por uma vez, mas por duas. Minha maior ousadia hoje em dia é observar as pessoas. Vejo rostos, sorrisos. Vejo mãos dadas.  Vejo mulheres grávidas e crianças com aquele sorriso sincero e olhos inquietos inocentes. Minha maior ousadia, dentre tantas outras, é andar descalça e não usar maquiagem aos finais de semana. Cozinho pra mim mesma e abro o meu vinho de uma taça só. E acho isso uma ousadia quase que desrespeitosa. Uma das minhas ousadias prediletas é assistir Poderoso Chefão e todos os seus três filmes em um sábado a tarde que vira noite e de pijama de sexta. Minha maior ousadia foi tomar uma café na cafeteria chic da cidade quando eram quatro da tarde de um dia de trabalho. Foi outra vez paquerar aquele brinco na vitrine e pensar que no décimo terceiro voltarei lá para comprá-lo. Minha maior ousadia foi comprar uma casa e dela fazer meu lar. Minha maior ousadia é escrever. Talvez porque posso de alguma forma despertar a ousadia de quem me lê. Uns irão sorrir concordando. Outros vão buscar suas ousadias. E hoje quando recusei os convites de sair pude perceber que a maior  ousadia de alguém é gostar da sua própria companhia. E fico assim, esperando a outra das minhas ousadias prediletas: o domingo de manhã quando coloco a mesa de café farta com ovo mexido e fruta pra mim mesma.
http://m.youtube.com/watch?v=S2Cti12XBw4

terça-feira, 2 de abril de 2013

A resposta da carta dos 18.

Hoje procurando um raio de um estojo com dez pen drives dentro (minha vida) que sumiu na mudança de casa, achei uma carta pra mim. Tinha escrito aos 18 anos numa revolta com a vida. Tinha essa mania de escrever e escrever desde sempre. Estava em letra de forma. Que eu nem sabia que já escrevi assim. Devia ser uma mensagem subliminar e psicológica de personalidade de adolescente. Enfim. Li umas cinco vezes. Dizia onde eu queria estar aos 30. Tem 10 itens de "coisas a conseguir". Devo dizer que, entre ser secretária  e ter um restaurante, eu consegui duas: ter um filho e trabalhar naquilo que gosto. E, então, lá veio mais esse texto agora. "Coisas que quero conseguir antes dos 40". Claro que exclui a paz mundial. Vamos lá:
Conhecer a neve.
Viajar para Paris, Lençóis Maranhenses e ter o respingo das forças das águas de Foz do Iguaçu no rosto em uma viagem de férias.
Ir pra Disney com meu moleque.
Terminar de pagar a casa.
Sair do limite do cheque especial.
Ver meu time ser campeão do mundo mais vezes.
Ver meu filho ter 15 anos escutando Raul, Paralamas, Legião e Queen.
Ver os filhos das minhas amigas nascerem e crescerem.
Que meus pais fiquem mais esses anos perto de mim.
Ver meus sobrinhos na faculdade.
Ver meu irmão ficando de cabeça branca.
Ter a sagacidade da minha chefe.
Trabalhar como se ainda tivesse 20.
Cultivar samambaias e orquídeas no quintal como uma boa jovem senhora. E conversar com as mesmas como a minha mãe.
Sorrir pra lua.
Ir a praia de maiô e não me sentir menos gostosa que as garotas de 25.
Ficar uma semana em um retiro.
Tentar (eu disse tentar) ser vegetariana e mais natural com a alimentação.
Voltar a correr todos os dias como fazia aos 20.
Usar toda a tecnologia a meu favor. (E salvar tudo "on line" e não em pen drives - achando que é a última geração tecnologia).
Continuar comprando livros e CD´s.
Nunca deixar de escrever.
E, por último, talvez quisesse que tudo isso acontecesse com alguém do meu lado. Só que não. Tudo isso pode acontecer mesmo que sozinha, enrolada e engolida pela vida. Porque o que realmente deveria querer e descobrir eu já tenho. Minha felicidade quieta e infinita na minha plenitude.
Mas, um amor sempre é esperado e desejado.
Pois bem, que apareça uma companhia pra ver tudo isso comigo.
E devolvo a pergunta aos meus amigos com 40 ou mais.
Falta algo que devo acrescentar?