Aos poucos e bons. Sempre.

Aos poucos e bons. Sempre.

segunda-feira, 2 de julho de 2018

Pedido as mulheres negras. De salvação e desculpa.


Para ouvir:

Faz tempo que eles falam sobre nós.
E, há tempos, os deixamos fazer.
E está tudo bem. Por hora.
Na mesa de almoço eu prefiro ficar calada.
Ele é engolido pelo próprio discurso.
As meninas brancas se entreolham, eu saio andando na frente.
Prefiro ter paz, hoje em dia, do que razão.
Ele vai ter uma filha mulher.
Vamos acompanhar de perto.
Briguei tanto, e brigo até hoje.
As minas brigam entre si sobre o aborto e não leem sobre sororidade.
E eu me calei no almoço.
E atacam uma mulher negra pelo cabelo dela. E eu deixo ele falar o que ele quer no almoço por medo de não ser bem quista no emprego.
Medo de quê, cara pálida?
Enquanto a gente se ataca e eles vencem, perdemos.
Enquanto eu não me sentir segura de olhar pro lado e ter em quem confiar, eles vão vencer.
Mulher, eu não sou ninguém sem você.
Se vc me ver olhando pra vc nessa situação, sorria e faz um sinal pra eu mandar aquele discurso bom que sabemos que vai ser ótimo.
Nesse momento, queria mesmo era ser a Negra Lee. Mas, não sou.
Só pisca. Só sorri. Que o resto eu consigo.
Nesse momento, queria ser uma preta empoderada.
FUI covarde. Falta uma negritude em mim.
Sororidade, mulheres negras.
Me ensinem a ser feminista como vcs.
Ps: e me perdoem.
Beijos de luz



sexta-feira, 16 de março de 2018

Envelheço na cidade.

Para ouvir:

https://www.youtube.com/watch?v=Nm8CdzMDH-s

Esse texto em meio de teia de areia ressurgiu hoje. Ressurgiu não. Nasceu. E é tão lindo quando esquecemos de algo que faz parte da nossa essência e você se permite reviver novamente. Afinal, ter na essência é isso: você pode até não se lembrar, mas, está lá guardado entre chaves e cadeados que você mesmo trancou. Escrever pra mim é isso. Essência de vida de viver.
Pois bem, às vesperas de completar meus 37 anos, senti uma necessidade estratosférica de dizer de verdade, sem máscaras e com a alma super livre: quem sou. Talvez, seja um impulso pra você se identificar. Queria eu, com 19 anos, ter lido algo assim. Puro, simples e sincero. Iria ser grata para o resto da vida.
Hoje, sou uma mulher militante do feminismo e das minorias, mas, não foi sempre assim. Por muito tempo, lutei contra minha própria existência e julguei meus pais por isso. Ingenuidade minha e imaturidade, eu diria.
E me perdoei por isso. Sugiro fazer o mesmo por você se errou muito em algo que se envergonha.
Meu aniversário é amanhã, mas, meu pai comemora no dia 21, quando eu cheguei na casa deles.
Eu sou adotada. E naquela época, não tinha essa história toda maravilhosa e redes sociais com fotos que achavam tudo isso magnífico.
Só tinha mesmo uma professora e um técnico da antiga Telesp fazendo o seu melhor.
E como fizeram.
Brigaram tanto comigo que fui pra faculdade com 17 anos e com 19 eu já estava querendo sair de casa. E saí com 21, voltei com 30. Quebrei a cara vivendo.
E questionei tanto eles e o mundo que, por metade da minha vida, compartilhei raiva e choro, achando que dessa maneira alguém iria me entender. 
Agora você vê como são as coisas.
Tenho um filho de quase 10 e me lembro do dia que minha mãe descobriu a existência dele.
Ela disse:
"Eu criei você para o mundo".
Eu não entendi aquela frase na época. Achei que ela não me acolheu.
Agora você vê como são as coisas.
Toda vez que meu filho passa por um momento difícil, ele acha que eu não o acolho, afinal, minha resposta é:
"Se vira".
O fato é que, se hoje realizo meus sonhos - como conhecer a neve- devo aos meus pais.
E meu filho nem sabe e compreende o que faço para ele conquistar o sonho dele: morar na Califórnia.
Talvez, ele não passe metade da vida revoltado. Talvez sim, não é? Isso não tem nada a ver com geração pela barriga fisiológica.
E perdemos tanto tempo. 
Perdemos tempo com raiva dos pais, das pessoas, dos colegas de trabalho, que nos esquecemos de viver o poder do agora.
Ajudo as pessoas em situação de rua, não porque sou um exemplo de ser humano, e sim, porque eu acredito que no meio deles há de haver pais biológicos de outras tantas Elisabetes por aí.
Completo 37 anos amanhã. Nunca tive tanto orgulho de ser filha do Seu Adhemar e da Dona Teresa.
Avós do Enzolino.
E eu?
Envelheço na minha cidade querida desde sempre, depois de Paris, claro. há há há :)







segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Axé, pra quem é de axé. #ubuntu












Ao som de Ariano Suassuna em uma entrevista chamada "Eu gosto de gente doida" - segue o link pra você ver - https://www.youtube.com/watch?v=A0YaavA75bY - veio essa despedida temporária.
Aliás, o Professor da Academia Brasileira de Letras, o Senhor Ariano Suassuna, disse um dia para tirar a palavra "show" de um marketing de sua aula em um importante colégio. Afinal, como ele lê as palavras como são verdadeiramente escritas, "show"seria uma interjeição para espantar galinha no sertão.
"Minha aula não será show, troque por espetacular".
O desafio hoje pra nós, brasileiros, é aceitar que somos feitos de sertões.
Seja da língua já americanizada, seja da alimentação e mais, das datas a serem comemoradas. Vi fotos de Halloween e recebi no WA uma proposta de trocar as comemorações por Thanksgiving Day nas escolas. E a "classe média" com sobrenome Europeu que domina as mídias com ódio gratuito e pouco conhecimento do sertão vem transformando a Internet no que você quer ler e ver . Sertão: leia-se periferia. Leia-se: conhecimento de causa. Nasceu pobre, irmão com sobrenome Europeu.
Veja bem:
Tinha um artista nu.
É pedofilia. - vocês julgaram.
Mas, lá na TV aberta, você está tranquilo assistindo no canal 13 um programa que coloca mulheres vendendo a bunda como Ibope. E trai seu casamento da igreja. Olha só como é fácil ser homem de bem.
E critica. E muito. E coloca a religião como um pressuposto de cidadão do bem.
O mesmo cara, defende arma e quer fuzilar menores.
Todos negros. Lá da periferia, que ele não passa de carro blindado, quanto mais nem pára imaginar por um segundo como é ter nascido numa casa onde a mãe empregada, o pai não existe e o irmão está preso.
"Mas, é só se esforçar que vai ser médico".
Né, não?
Meritocracia está na moda.
Esse manifesto silencioso veio pelas duas crianças que foram encontradas mortas aqui perto de casa em um porta-mala de uma Van,na ZL de SP, por pedófilos de verdade.
Não foi episódio do Netflix. - te convido a sair do celular conectado e enxergar a sua cidade do outro lado.
Mas, não são importantes pra você.
Porque, afinal, tem ração do prefeito de SP e Cidade Linda com a Av 23 de Maio com samambaias pra gringo ver.
Eu vi tanto comentarista econômico e político na época do Golpe. Me deixa nojo da minha timeline hoje.- não gosto de escrever essa palavra.
E teve, esses dias, uma dancinha de um político.
Não ouvi panelas.
E acha frívola a ideia de ser feminista, defende que não vivemos uma cultura de estrupo, mas, nunca precisou correr em uma rua escura.
E propaga:
"Estava vestida assim, queria o quê?'
Compartilha que identidade de gênero é farça, mas, não sabe como é nascer em um corpo que não é seu.
Eu também não sei, mas tenho empatia, irmão.
Nunca desisti do ser humano.
Difícil, pra mim, é te chamar de irmão.
Mas, vou até o final.
Minha Campanha de Natal vem pra mostrar e compartilhar que podemos juntos, fazer melhor.
Vem comigo?
" Vai dar a maior treta.
Quando eu disser que vi Deus,
Ele era uma mulher Preta" -Emicida.
Para ouvir:
https://www.youtube.com/watch?v=vLtTpDbvQ5M

















domingo, 13 de agosto de 2017

Notas sobre Ela.

Para ouvir:



O ato de se descobrir é libertador. 
Esse diário público deve ter uns 7 anos já e nunca escrevi algo tão sem sombras de dúvidas, anseios e poréns.
Cheguei no limite do precipício de crescimento e pulo sem páraquedas. 
E tem chão de maquiagem linda porque me vejo assim. De uma maquiagem natural. Da minha natureza como ser humano: mãe, poderosa, trabalhadora, sorridente e sedutora de essência.
Nunca fui mediana em nada mesmo. Aprendi que a palavra mediano vem do medíocre. 
Nunca fui medíocre.
Os meus resultados, por vezes, ou eram péssimos no meu estágio de evolução e atitudes ou muito extraordinários. 
A chave de se potencializar ainda mais para o lado que se quer é tornar consciente onde e de que forma você quer chegar lá.
Feito isso, meus problemas não são mais problemas.
Meus erros, não são mais erros, se tornam aprendizados.
Atualmente, o meu conhecimento, habilidades, atitudes, valores e o meu entorno fazem de mim uma mulher forte e de muitas qualidades.
Você pode até pensar que não enxerga nada disso em você e eu entendo.
É muito difícultoso se ver em qualidades, não é mesmo?
Acontece que, não estamos programados a ver isso. 
O desafio de alguém feliz é tornar a felicidade seu estado de espírito.
E se perguntar todos os dias se isso é o suficiente e se desafiar a fazer melhor. 
Se você está feliz com você, retribua isso aos outros. Pratique caridade, pratique gratidão. Multiplique sua felicidade. 
Se você tem medo de alguma coisa que pode acontecer com você, dê nome a isso.
Visite e revisite todos os dias. 
Conheça seus medos de perto até chegar um dia que eles não irão fazer mais sentido.
O medo tranforma as pessoas em: poderosas ao dominá-lo ou em perdedoras.
Qual caminho você quer escolher para você?
Você possui a responsabilidade da sua vida. 
Se algo de ruim acontecer, se pergunte:
"O que farei com isso?"
E falar sobre o problema, não resolve.
"Eu me meti nisso, e sou responsável por isso. Não serei uma vítima voluntária".
Einstein já dizia que a definição de insaniedade é fazer a mesma coisa do mesmo jeito e esperar resultados diferentes.
E eu te pergunto:
"O que você fez hoje de diferente pra chegar onde quer?"
Levante todos os dias pra fazer algo por você e pelo seu legado.
Não termina até sermos vencedores.
Se não deu certo, mude sua atitude.
Se não deu certo, deixe ir.
Mas, se tranforme na ação de mudar. Isso é progresso.
Esse texto veio pra dizer que das Notas sobre Ela, segundo Zack Magiezi:







sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Paty, minha amiga que se foi.

 Para ouvir:

O ano era 2005. Ela era minha funcionária e eu a chefe chata.


Nunca escrevi um texto tão dolorido.


Eu nunca escrevi um texto tão enriquecido.


Meu luto se resta por si só em sonhos com você.



E não acordo chorando. É estranho, Você também não se encaixava na normalidade.  Estamos quites.
Você faz falta. Você nunca me fez falta.
É remoedor o fato de você nunca ter me feito falta antes e hoje me deixa assim, com tanta falta de você.
Deve ter sido o seu próprio tempo.
Continuo sem medo do escuro. Tenho medo de pessoas e conversávamos tanto sobre isso. 
Hoje quase desacretitada delas, sabe Paty?
Queria só dizer "obrigada" por ter me feito tão especial em sua vida.
Atualmente, é tão difícil as pessoas se imporaterem com as outras.
E, acredite, você foi e é muito importante foi na minha.
Tivemos o juntas o útimo corte de cabelo e o último MilkShake. 
Você estava tão fraca. 
E eu te achava sempre tão grande.
Nunca esquecerei dessa carona e eu brigando pra você se alimentar.
Eu menti pra você dizendo que você não iria morrer naquele dia na Sala de Emergência.
Me perdoa?
Falei aquilo porque acreditava que não iria acontecer.
Seus dias no hospital, me fizeram tão pequena, tão pobre de espírito, tão incapaz. Foi rápido.
Você sofria, Era nítido.
Não fui egoísta.
Sei que você precisava descansar e voar. E pedi para o Universo:
"Por favor, faça o Seu melhor".
Tem ceia de Natal por perto e você não estará lá para comer comigo como o ano passado.
Minha mãe perguntou de você e chorou quando aconteceu tudo. Você sabe que ela é durona.
Enzo anda com o seu chaveiro do Darth Vader, levou até na mochila da viagem de férias.
Naquela noite, quando contei de você, ele chorou e correu buscar as tralhas do quarto esse chaveiro, 
"Quero ficar com ela pra sempre".
E eu também. 
Choramos juntos na sala.
Tem uma camiseta que você deu a ele que está na minha gaveta.
Também quero ter você pra sempre. 
Olho pra ela todos os dias, assim, como olho para o creme que trouxe da "gringa" pra você no meu banheiro.
Não me atrevo a usar. Não darei a minguém.
Deve até estar com prazo de validade vencido.
Mas, é seu. E vai comigo pra onde eu for.
Do seu lugar na minha vida, lhe digo:
Ninguém tirarás.
Amo você, agora de longe.
Com a esperança que esteja bem.
Te encontrarei um dia.
O colchão na sala está nos esperando.
Você faz falta.
Vem nos visitar, às vezes, se puder.
Ao som de Led Zepellin.
A única certeza é que aproveitamos tudo. Mesmo sendo tão jovens.
E, todos os dias quando acordo, não temos o tempo que passou.
Mas, temos a eternidade de seus olhos castanhos escuros que olha por mim e por nós.














sábado, 7 de maio de 2016

I-N-S-P-I-R-A-D-O-R-A

Esperei por esse dia desde seus dois anos de idade quando eu fui na primeira e última apresentação de Dia das Mães. Você era uma árvore cheia de maçãs de EVAs pendurados. Não me lembro de ter ficado emocionada, fiquei mesmo compadecida pelo calor que você estava passando naquela roupa.
Pois bem.
Contei essa história que vou relatar aqui hoje no almoço pra duas amigas e fiquei remoendo-a no carro dirigindo de volta pra casa. Transbordei. Sorri silenciosamente aquele meu sorriso que você conhece bem e resolvi compartilhar de forma despretenciosa que sempre escrevo.
Essa semana você entrou no carro silencioso, caso esse que deve ser investigado com uma lupa de aumento na proporção de mil unidades por centímetro, pois, você um geminiano nato, não pára de falar de você e dos outros. Detalhes não lhe passam desapercebidos nessa sua memória de elefante. Estava triste, tristinho, mais sem graça que a top model sem graça na passarela. Estava mais solitário que um paulistano. (musicalidade sempre pra vida - com as honras de Zeca Baleiro)
Perguntei o por quê disso.
Silêncio.
Retrovisor mediou meu olhar investigativo. Sorri.
"Fala, vai. O que foi?"
"A Prô não vai me dar uma letra da apresentação". - tinha uma tal frase que iria ser formada depois da música "É preciso saber viver".
"Enzo, isso não tem problema, não tem importância" - menosprezando como um crime culposo.
Você - furioso, com olhos cheios de lágrimas.
"TEM SIM, você já não vai na minha apresentação, minha avó é que vai e VOCÊ SABE que eu gosto de dançar e aparecer".
Eu tinha ali duas opções:
1) Ou chorar com você e dizer que "a vida não é justa" - a frase que você escuta toda vez que tem que levantar comigo às 5:30 h pra tomar banho pra dar tempo de sairmos às 6:50 h. "Porque eu tenho que estar às 8:00 h em tal lugar, moramos longe, somos só nós, você tem que me ajudar" - e te arrasto pro chuveiro fazendo coceguinhas e você se entrega lindamente pela manhã. Porque, sendo mãe, aprendi que criança não tem rancor. Tem memória.
2) Ou ser MÃE:
"DESCULPA. Me expressei errado. É importante SIM. Pra você e pra mim também. Mas, veja, se a professora não te escolheu agora, não quer dizer que você é menos importante. Eu não poderei estar no sábado (no caso hoje), mas sua vó estará lá e pedirei ao Bruno - namorado, companheiro, ajudante, amigo - para que esteja lá na minha ausência pra tirar fotos e fazer vídeos de você dançando. E tem outra coisa ...."
Já sorrindo, me deu a oportunidade de explicar como em um julgamento - filhos são seres que lhe dão a oportunidade de você ser melhor e fazer melhor a cada dia.
"Nunca se esqueça que os últimos serão os primeiros. Pensa em uma fila, se você estiver no último lugar e a fila, por algum motivo,virar:  Quem será o primeiro?" - segura eu estava que ali, ele ia aprender que nem sempre a vida vai lhe dar oportunidades, ou melhor, quase nunca. Mas, nada é constante, nada é previsível. "O importante é você se apresentar como se estivesse com a letra, como se fosse o primeiro, fazer o seu melhor e acreditar do fundo do seu coração que vai dar certo. Ter fé e esperança".
"Vou fazer isso" - e fomos comer no MC Donald´s.
No dia seguinte...
Antes de contar o que aconteceu, preciso explicar que acredito em forças e energias emanadas para o Universo. Preciso explicar que, realmente, acredito que quando se deseja algo do fundo do coração, o "efeito borboleta" acontece para as pessoas do bem. Confesso que rezei naquele dia do meu jeito para que ele ficasse feliz, já que eu não poderia estar lá e seria uma barra esse garoto de quase 8 ter que enfrentar tamanha frustação.
"Mamys, você não acredita!" - sorrindo feito hiena da Era do Gelo.
"A Prô meu deu a letra I."- colocando o aparelho pra fora da boca. Ele faz isso quando está ansioso.
"Nossa! Que máximo! Toca aqui" - fizemos um toque de mãos daqueles que você vai com a mão espalmada e termina em um mini soquinho.
"Enzo, o que era a frase que você tanto queria participar?" - ainda não sabendo o por quê de tanta tristeza dele.
"Vamos escrever:
MÃE INCENTIVADORA"
Tá aí. Descobri o drama justo que ele sentiu. Muito justo.
Eu, que não sou a melhor mãe do mundo, já que não estava lá na Festa do Dia das Mães porque estava trabalhando, não poderia ficar de fora - no entendimento dele - da palavra.
Sou o INCENTIVO dele.
Sou "a" INCENTIVADORA.
"O que é ser incentivadora?"- pra me certificar do entendido.
"É ser alguém que não desiste nunca da gente e sempre faz o melhor".
Não chorei.
E esse final é só meu por hora:
"Filho, que você me ensine a cada minuto te ver crescer fora dos meus dedos e dos meus olhos a ser uma pessoa melhor. Que você cresça com meu incentivo para ser um homen do bem, um menino bom. Não vou estar muito atrás de seus sonhos. Aliás, seja-lá-o-que-você-quiser-ser, eu te Incentivarei sempre. Obrigada por existir. Não é Feliz Dia das Mães pra mim, e sim um:
Feliz dia meu por você me dar a oportunidade de te ver crescer.
Meu desejo é ter você como filho. E não poderia ser melhor do que você. Seja feliz.
Te amo."
Mamys. - Incentivadora de topete, skate e Califórnia.
 
 
 
 
 
 
 
 

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Adolescentes - eles desejam ser.

 
Para ouvir enquanto lê, clica aqui em cima!
Criar um menino pra ser homem não é fácil. Isso não quer dizer que criar uma menina seja mais tranquilo.
Longe de mim rotular gêneros aqui.
Na verdade, criar um ser humano hoje não é tarefa fácil.
Lembro do meu pai dizendo:
"Ela parece um moleque!" - todo orgulhoso porque eu tinha os dois joelhos com casquinha marrom.
E hoje meu filho dança Lady Gaga, gosta de Katy Perry, ouve Projota e se derrete pelo Mc Gui. - porque ainda não apresentei o Mc Catra. :)
Rebola feito a Gretchen na sala e faz pose na frente do espelho.
Anda de skate, mas não consegue cuspir no chão. Ele nem sabe cuspir.
Dia desses, ele ficou de fora na aula de Educação Física porque não sabe jogar futebol.
Se ele pegar uma bola, logo faz uma dança com ela e pede pra eu dar nota e avaliar.
"Qual a sua nota pra minha performance?" - olhando pro espelho da sala todo suado.
" DEZ" - eu respondo. E bato palma.
Ele gosta de Ney Matogrosso, mas tem os joelhos com casquinhas marrons provenientes do Skate.
E cumprimenta "os caras" na half pipe "como um homem".
"Filho, viu aquela menina?"
"Vi, mas nem reparei que era menina, Mamis"
E volta pro mundo sem diferenciar quem é quem.
Ele fica fora das brincadeiras de escola porque não sabe bater em ninguém, nem em meninos.
E volta com olho cheio de lágrimas porque "ele destruiu o meu Lego sem motivo".
E lá vai eu explicar que a vida é assim.
E ele brinca com a prima como "se fosse menina", gosta das bonequinhas do Lego - "Essa é pra você Mamis, tem um gatinho do lado, é o Fat"- nosso gato.
Ele constrói o mundo sem diferenciar se é menino ou menina regado a " Nunca, em nenhum motivo, você pode brigar com os amigos. Se eles fizerem algo que você não goste, sai de perto".
Um dia ele estava bravo e me disse palavras grosseiras.
"É certo você fazer isso com a sua mãe? Uma mulher?"
"Não" - ele respondeu com cara de cachorro arrependido.
Está aí o seu e o meu papel:
'Não está certo você ser agressivo assim com ninguém".
Crio o meu moleque pra ser cidadão do mundo, daqueles que vai entender que uma mulher ou um homem merecem respeito.
Respeito esse, que vem de berço, que faz as pessoas dizerem:
"Enzo é demais"
Sim, Enzo é criado pra ser demais.
Pra respeitar todo mundo, entender a posição de qualquer ser humano e não julgar.
 Ele é criado pra dividir o jantar com o tio da rua sem saída, pra entender que teve oportunidades que os outros não tiveram e nem por isso ele pode dizer:" Ele não merece".

Meu filho é criado pra respeitar pessoas.
Pra levar para os outros o ser o "diferente'.
E dos diferentes, construímos um mundo melhor.
E mamães, não importam se eles usam cuecas do Batman ou calcinhas da Frozen.
O começo do fim ou o começo da início está em cada escolha deles. E de vocês.
Criem ser humanos pra se respeitarem.
Se fosse uma filha, seria o mesmo.
E da imagem retirada - sem autorização- do diário dele, fica aqui um recado:
Eles desejam crescer e ser adolescentes.
Transforme-os em bons adultos. Eles querem isso.
E nós, precisamos disso.