Aos poucos e bons. Sempre.

Aos poucos e bons. Sempre.

terça-feira, 14 de junho de 2011

A MINHA COR

Uma garota avoada. Minha mãe escolheu meu nome assim desse jeito porque era de uma mulher forte. Ela quando conta isso fica muito bonito porque fala amorosamente. Sou a única mulher na imensidão de tantos homens que regem minha família. Tenho um coração maior do que o mundo, cheia de sentimentos, desejos e paixões. Sou filha de Oxun. Tenho a Nossa Senhora de Aparecida como minha padroeira por vontade própria. São Jorge no pingente e na camiseta vermelha porque visto seu manto e me armo com suas armas. Sou daquelas que não se arrependem por não ter tentado. Orgulho e amor próprio passam longe quando amo. E amo visceralmente. Queria mesmo era ter um amor tranquilo. Ainda não encontrei. Dou minha roupa por um amigo. Gosto de falar para eles: "mi casa, su casa". Porque sinto assim. Minha casa é meu império. Adoro cozinhar para as pessoas. Ali ponho meu carinho. Aprendi com meu pai. Não suporto mesquinharia e gente fria. Sou sentimento. Quando as pessoas não entendem e acham que tenho que ser "adulta", ser racional, falam com ar de superioridade para me atingir, fico triste e magoada. Depois me regenero de uma forma tão esquisita e penso que elas é quem têm que experimentar mais suas emoções. Elas é que são imaturas em não ouvir seu coração. Não tinha encontrado meu complemento até ter meu filho. Ele, um geminiano falador, me deu um objetivo nessa vida dentre vários: vê-lo feliz. E assim, entre meus sentimentos e as falas dele, completam meu dia. É bonito de ver que ele fala por mim, mesmo com tão pouca idade. E o amor que sinto por ele não existe de tão grande, puro e sigelo. Não imagiaria até aqui amar alguém mais do que a mim mesma. Amor é uma palavra que rege minha vida. Vou apanhar muito dela por isso. Já joguei minha sorte ao vento. E depois corri tentando alcançá-la e não consegui. Hoje varro a lua. Carrego minha casa, meu império, nas minhas costas. Aprendi a ser do mundo. Minha felicidade vai para onde vou. Carrego ela no pôr-do-sol e no cinema sozinha daquele filme que tanto queria ver. Parei de magoar as pessoas por me satisfazer. E isso me fez uma pessoa melhor. Os livros na estante já não têm tanta importância. Vale mesmo aqueles que carrego na bolsa e passo lendo dentro do avião. O meu amor eu invento. É o preço da maturidade. Acho estranho quando as pessoas falam que eu sou forte. Porque não sou. Mas a vida me engoliu , hoje sei que aspirar as fraquezas pra debaixo do tapete faz parte da vida. E faço. Acredito nas pessoas. Adoro sorrisos em geral. Desde os da criança até os meus e os seus. Sorrir com os olhos fechados é um dos momentos mais lindos de viver. Se doer a barriga então, fica mais delicioso. Uma grande amiga minha diz que "uma boa mulher traz um sorriso no rosto e mil segredos no coração" (CL). Concordo de olhos fechados e com um sorriso no meu rosto. Agora dou valor ao tempo que passo do lado das pessoas e em lugares diferentes. Porque hoje sei que alguns dias mornos e doces não voltam mais, mesmo que a sua felicidade esteja presa lá. Adoro janelas. Do carro, do apartamento, do avião. Ver uma janela aberta de uma casa e conseguir ver uns centímetros do que tem lá dentro é como ver a alma de uma pessoa. O pôr-do-sol da janela do avião é um dos quadros mais mágicos que alguém pode sonhar. E tenho preguiça daquelas pessoas que finjem dormir e perdem esse espetáculo. Às vezes, posso até me sentir um pouco só. Solitária em meus sentimentos e "achismos". Incansável na luta para descobrir onde estará meu sossego, minha paz. Para me acalmar dentre meus anseios e receios depois de escrever e compartilhar esse texto, lembrei de uma das imagens mais queridas que tenho comigo. Lembrei da minha árvore. O ipê amarelo. Uma árvore quase sem folhas, desarpecebida dentre tantas outras. Geralmente sozinha. E fica linda. Muito linda quando floresce nessa época do ano. Suas flores amarelas caem com o vento no chão, espalhando a energia da sua cor : esperança.










sábado, 11 de junho de 2011

Ser simplesmente feliz.




Não faz muito tempo que fui ingênua o bastante pra dizer em alto em bom som para aqueles que me cercavam e pra mim mesma que era muito fácil ser um grande pensador. Desses que se isolavam em montanhas e se escondiam atrás da religião para propagar para o mundo o quão eram bons e amavam à todos. E hoje me envergonho desse meu ato. Porque hoje sei e entendo o quanto é difícil convivermos com nós mesmos. O quanto é difícil você realmente calar-se perante a vida para poder sentir e enteder tudo aquilo que ela nos dá. O quanto é difícil calar-se perante as injustiças, injúrias, tropeços e ser humilde para encarar as vitórias. Conviver sozinho consigo mesmo é uma das tarefas mais cruéis e difícieis antes de abocanhar outra pessoa para estar ao seu lado. Você só trará felicidade para outro quando você está feliz consigo mesmo. Entende o grande significado do "silêncio é uma prece". Hoje entendo que, isso não tem absolutamente nada a ver com religião e sim, com estado de espírito. Às vezes, ouvir vale muito mais a pena do que falar. E, como diria uma grande pessoa que conheço, temos dois ouvidos pra ouvir e uma boca apenas para falar. A natureza anatômica do ser humano é sábia. Talvez tenha descoberto tudo isso a tempo. Tempo de conviver e viver muito melhor ao lado de muitas pessoas que passarão por mim. Ao ponto de me permitir uma montanha com meu retiro diário ou sempre que quero ou preciso. Costumo hoje brincar que, quando estou em silêncio, estou "plantando e regando meus bonzais". Quem escuta ri. Tem pessoas que até dizem que também estão em silêncio também porque estão esperando-os crescerem. Hoje páro e me permito apenas ver alguma paisagem linda. Sinto o vento. Silenciosamente agradeço. Nem sei ao certo pra quem ou por quê, mas o faço. Ainda falta amar meus inimigos, parar de comer carne vermelha e deixar de beber e fumar. Falta muito então. Fica pra outra encarnação. RS. Se bem que, há quem diga que quem é pisciano é a última prova. Porque somos todos sentimentos. Bons e ruins. Não sei se é coisa de pisciana ou não, só sei que finalmente entendi e aceitei que a grande frase de tudo: " Tudo está certo e nada resolvido". Porque não resolvemos nada, apenas aceitamos o que a vida lhe dá. Temos escolhas sim. Entretanto, o que é mais bonito nisso tudo é encorporar bem aquelas que fizemos e viver bem com aquelas que fizeram por nós. E está aí a beleza disso tudo: ser feliz em pequenos momentos. E sou. E gostaria que todos fossem.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Para o Enzo - Feliz Dia das Mães



Filhote. Fazem três anos que você está comigo. Posso dizer hoje que minha maior felicidade é ver você feliz. Seu nome sempre esteve comigo e eu nem sei por quê, mas tinha certeza que você seria exatamente como você é, com o seu caramelo e seu sorriso que fecham seus olhinhos de tão grande. Cada dia que você passa comigo agradeço a qualquer força mágica que permitiu que você fosse meu. Sei que você será meu por um tempo pequeno na sua tragetória, pois, te crio para a vida. Te ensinarei da melhor maneira possível que encontrar para você se tornar um homem de verdades. Desses que abrem a porta do carro e que não possuem medo de chorar e amar. E não importa qual será seu caminho, quando você olhar para trás estarei por perto, sempre a te olhar. Vai chegar um dia que você terá vergonha de mim, e estou preparada para essa fase. Não vou fazer parte das suas gírias, da sua turma, dos seus planos. Mas, ao fechar seus olhos e naqueles dias muito ruins você se lembrará que poderá ligar para alguém que estará disposta em lhe ouvir. E que vou te entender, porque a nossa ligação é eterna.Vai chegar um dia que você irá sofrer. E nem imagino como me sentirei porque daria minha vida para te ver sorrir. E, não importa o que acontecer, você sempre será a pessoa mais importante para mim. Dou-lhe um lar e sempre o farei. Sempre serei sua família, e não importa a conta matemática que virá com isso. Vou ensinar você a voar com suas asas, com seu gênio nada fácil pelas pessoas. Entretanto, se um dia alguma delas impedirem que você voe, volta pra mim que lhe ensinarei como batê-las diferente em outros vôos. Porque sou sua mãe e pelo simples fato de sê-la é que me faz viver hoje e sempre desde o dia que você nasceu. Segue seu caminho meu geminiano caprichoso que sempre estarei ao seu lado.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Uma certa nostalgia.




Hoje o dia estava tão cinza que o vento vindo do mar me deixou com um frio esquisito na nuca. Fechei os olhos por inúmeras vezes tentando me aquecer, mas em nenhum momento consegui fazê-lo. Não sei explicar quando e nem por quê senti uma vontade de ter dez anos novamente e permanecer brincando na casa da minha avó acompanhada pelos meus primos. Lembrei do cheiro daquela casa e do aconchego que eu sempre tinha quando ficava por lá. Era segurança de ser criança onde a felicidade estava tão simples e sutil que nem precisava buscá-la. Ela acontecia simplesmente porque estava ali. Quando crescemos, esta simplicidade é devorada pela vida. Às vezes, ficamos tão perdidos e cambaleamos dentre inúmeros acontecimentos que o que mais queremos é ter o dia com cheiro de infância. Quando Nelson Rodrigues disse: "Jovens, evelheçam", com certeza ele não quis dizer para as crianças envelhecerem. Deixar de ser jovem e envelhecer é uma das fases mais difícieis que passamos. Claro que todas as fases são difícieis, entretanto, caminhar aos trinta é muito mais pesado do que aos vinte. Os joelhos dóem e a cabeça pesa cada vez mais em cima do pescoço. Você não perde mais uns quilinhos se simplesmente fechar a boca. Ao sorrir, sua foto fica marcada com uma linhas de expressão em volta dos olhos. E antes de sair pra dançar e só voltar no dia seguinte, você pára e pensa que não vai conseguir emendar com o trabalho. Tem vontade de ser o que você é hoje, mas ter pelo menos, uns cinco anos a menos. Tem vontade de voltar naquele dia que você não fez isso ou aquilo pois se preocupou demais com que as pessoas iriam dizer. Envelhecer não significa deixar de se arriscar com atitudes inesperadas ou não surpreender você mesma com algo que nunca fez anteriormente. É fazer tudo isso e entender que se o fizer ou não, as pessoas continuarão a achar algo a seu respeito e você não se importa mais com isso, desde que não faça mal a ninguém. A única certeza que permeia sua maturidade é o fato que você pode sim não saber o que quer realmente quando envelhece, pode procurar a terapia para se entender e se aceitar melhor,pode ver novela e desenhos animados, pode cantar sozinha dentro do carro ouvindo a música que mais gosta e voltá-la trinta vezes. Pode fazer tudo isso e muito mais. A grande vantagem disso tudo é que mesmo sem saber direito o que você quer, ou o quê vai acontecer daqui pra frente, seu coração sabe e fica cada vez mais certo daquilo que você não quer. E saber o que não quer lhe trás mais uma vez a sua criança que existe dentro de você. Já que não há nada mais belo e lindo do que as certezas que as crianças possuem.

domingo, 24 de abril de 2011






Amor?




Uma produção da Copacabana Filmes e da Fogo Azul Filmes, em co-produção com a Labocine e o canal GNT, da Globosat, foi filmado em super 16mm e finalizado em 35mm. O longa-metragem chega ao circuito nacional em 15 abril, depois de arrebatar o troféu de Melhor Filme, conferido pelo Júri Popular no Festival de Brasília em novembro passado, num claro indício de que João Jardim e sua equipe de colaboradores atingiram o objetivo.



"Delegar a atores a árdua tarefa de trazer para si e tornar verossímeis aquelas histórias surgiu então como a única alternativa plausível. Uma alternativa que envolvia riscos, é claro. E, de certa forma, reclamava uma espécie de "questionamento" do que se convencionou chamar de documentário."




Filme de cabeceira. Pra ver, pensar, questionar e, quem sabe, amadurecer mais e sempre. Excelentes atuações. Parabéns para Fabiula Nacimento e Júlia Lemmertz dentre as mulheres. Eduardo Moscovis é tão homem que chega a ser apaixonante. O "documentário" ficou comigo ruminando por algumas horas, dias enfim. Pensando e mastigando quanto e quando o precipício debaixo dos seus pés se torna tão grande que mesmo sem vontade de pular, você acaba sendo engolido por ele. Pela vida.



www.amorofilme.com.br

terça-feira, 12 de abril de 2011

Paixão segundo GH. Livro de cabeceira.

Voar com suas próprias asas

Cléo se olha no espelho e sorri. Fazia tempos que não sorria para ela mesma. O sol vindo pela fresta da janela do banheiro ressaltava seus olhos marrons e cativantes. Percebeu o quão era bonita. Fechou os olhos pra pentear seus cabelos e ao abrí-los deu uma piscada. Piscou pra vida. Desafiando-a. Só não sabia ao certo pra quem era aquele desafio. O dia começava ali naquele instante e estava tão segura de si que nada podia detê-la. Escovou os dentes olhando fixamente para seu próprio olhar. Sentiu-se livre. Como as asas de uma borboleta cintilante colorida que ofusca de tanta beleza os olhos dos seres humanos. As pessoas a cobravam que aquele brilho tinha sumido. Brilho esse que sempre a fez voar leve e solta pelos corações de amigos e pessoas das quais ela compartilhava sua vida. Ela sentiu que o raio daquele brilho tinha voltado. Porque para ela, esse brilho ela nunca viu, mas as pessoas diziam tanto que estava com ela que se conveceu que o tinha. Ela sempre foi diferente. Os homens temem sua nuca que fica à mostra com seus cabelos curtos e as mulheres da sua inteligência. E ela nem se importava mostrar a sua nuca, mas se importava (e muito) com a sua inteligência. Por um momento em sua vida, deixou de lado quem era pra poder amar. Entretanto, ficou sem o tal brilho. Já não era ela. Se perdeu. E, ali, naquela manhã depois de muito tempo se achou. Terminou de se arrumar, fez sua rotina matinal e saiu. Saiu para a vida, para o trabalho. Dirigiu ouvindo Tim Maia. Com o blues triste e sonoro daquela voz quase negra entrando no seu coração entendeu que a via lhe põe obstáculos, tristezas e fúrias. Ela, uma mulher "brilhante" , ainda não tinha entendido que, não importa o que acontecer,o que se passar, nunca poderá deixar de existir para ela e para aqueles que ela cativou. Sorriu. Desligou o ar-condicionado do carro. Abriu a janela para sentir o vento. Ele levou o que ela já tinha perdido e refrescou quem ela era. Cléo entendeu naquele instante com aquela mensagem quase que subliminar que suas asas estavam ali. E que, ao contrário das borboletas que vivem quarenta dias, ela viveria por anos. Não podia deixar de bater suas asas. E vôou. Um vôo solitário no carro ao som daquelas músicas. Porém, estava certa que, se não existissem janelas ela voaria. Voaria longe e sempre. Brilhando por entre aqueles que a conhecem e por entre outros que não temem pela suas asas. Estava feliz e solta. O zunido silencioso da suas asas deixou pra trás o medo de voar. E se foi. Para ela, para vida. Sentiu que a piscada do espelho tinha retornado com uma resposta. A vida lhe respondeu para buscar sua felicidade.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Gentileza


Teve um tempo que as flores eram mais belas. E que os sorrisos eram mais engraçados. Houve um tempo que as certezas eram tão certas que nem deixavam espaço para dúvidas. As decisões eram tomadas com meta, finalidade e em sentimentos que seriam admiráveis por qualquer pessoa especialista em cálculos. Houve ainda um dia que o sol era tão bonito que chegava a cegar o mais treinado olho em enxergar. Os corações eram tão sinceros que venciam a certeza do racional. A magnitude estava no simples fato de estar presente e conviver. Não sei dizer quando se perdeu. Só sei que não está mais lá. As flores aprodecem secas e rígidas. Os sorrisos soam falsos e insolentes. As decisões são baseadas em fatos reais e cruéis. O sol é combatido pelos óculos escuros e chega a irritar de ser tão irradiante e quente. O coração calou-se e abre os olhos pra sobreviver. A convivência tornou-se impossível velada entre ligações, que se tornaram obrigatórias. E hoje ela se cala e engole a seco como facas afiadas que vão lhe cortando a garganta. Tentando enxergar a fresta iluminada que vem da cortina e que ofusca sua visão ao amanhecer. Lembra do Profeta. "Gentileza gera gentileza". Ah, Gentileza. Se as pessoaos conseguissem enxergar o quanto somos gentis.... E posso garantir, elas não enxergam.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Deus ... abençõe.


Deus. Abençõe a carne moída com batata da minha mãe Teresa, o bife a milaneza da minha tia Joseli, a sopa de feijão com queijo da minha avó Juraci e as fatias húngaras da minha nona Mariquinha. Abençõe também o cheese cake da Adélia, minha lazanha de berinjela e toda e qualquer comida que meu pai Adhemar faça com sua cabeça esquecida e suas mãos trêmulas. Abenções quem inventou Amandita, Ferrero Rocher e o Kinder Ovo. Abençõe o canto da Alcinéa que, ao limpar minha casa, alegra minha vida. Abençõe o sorriso do meu filho quando ele acorda e me chama. Abençõe aquela borboleta amarela que você coloca na minha janela toda vez que eu vou fumar um cigarro pensando na vida. Abençõe todos os filhotes de cachorro, inclusive o meu, que destrói tudo e ainda sim, eu consigo sorrir quando olho para aquelas bochechas cor de rosa e aquela cara de pastel que ela faz. Aliás, Deus, abençõe os pastéis de queijo. Abençõe os textos da Clarice e as crônicas do Rubens. Aquele Fonseca. Deus, abençõe minhas amigas. Desde aquelas que eu ligo de madrugada bêbada e triste, até aquelas que eu saio para tomar cerveja. Todas elas são minhas. Moram aqui ó .... no coração. Deus, abençõe o Téo. As minhas professoras que se tornaram minhas amigas, porque eu nunca imaginei conseguir chegar até elas. Abençõe minha comadre. Se eu faltar um dia, aqueles olhos verdes me substituirão. Abençõe a música. Abenções Elis, Hebert, Marisa, Adriana. (Calcanhoto). Abençõe, pelo meu filho, o Patati e o Patatá e os Backyardigans. Abençoe meus balabares. Abençoe meu trabalho que faço hoje porque sempre quis chegar onde estou. Deus, abençõe a neve, Paris e Londres, porque um dia vou chegar a conhecer todas elas e posso te garantir que vou amar, do fundo do meu coração. E me abençõe sempre porque eu nunca deixei, por um só momento, de acreditar que você existe. Amém.

terça-feira, 29 de março de 2011

O aniversário

Ela está separada fazem cinco anos. Na verdade, ele se separou dela e já se passaram cinco anos. Hoje é o aniversário dela e ele não ligou. Ela sabia que ele não iria fazê-lo. Caso o telefone tivesse o poder de transmitir o cheiro e se ele tivesse ligado, teria sentido que ela havia se perfumado mais uma vez para ele. Mas dessa vez somente para ouvir sua voz. Ela já teve uns casos nesse meio tempo, entretanto, ainda não conseguiu se entregar de novo. Sempre fica se perguntando de quem era a culpa dela se sentir daquela maneira. Alguns dos homens que passaram por ela nesse tempo sozinha tiveram mais consideração em dias do que ele em anos. Enxergaram nela seu sorriso, sua inteligência, sua simpatia, sua felicidade, sua facilidade, sua espontaneidade, sua sagacidade, tudo que ela se tornou com seus 37 anos de idade hoje completos. E ele nunca enxergou. Nunca era o bastante para ele. As críticas sempre vinham antes dos elogios velados em umas palavras incógnitas. Até hoje ela não sabe se eram propositais para ela não decifrar precedidas de um sorriso esquisito. Depois ele dizia que era brincadeira diante da face dela de desgosto e do olhar longe que ela fazia ao olhar pra ele e não conseguia enxergar ela mesma nos olhos dele. Hoje ela entende que, ao olhar para ele, ela não conseguia vê-la porque ele sempre deixou em entre linhas que para ele, ele sempre foi e sempre será mais importante do que qualquer coisa. E ele não está errado. Talvez nenhum dos dois esteja. Porém, ela ainda não consegue esquecer que quando foi conversar com ele pela última vez ao desespero - e chorava de amor e não por quê sofria, como diz a música - e tentou dizer sobre futuro, sobre como as coisas poderiam dar certo e serem melhores, em como ela poderia ser uma pessoa melhor se ele compremetesse em ser também, que estava ali. Lembra ainda que o vento era gelado que vinha do mar e congelava suas mãos. Ela teve medo e frio. Carregava as suas alianças. Eles já as tinham retirado de seus dedos. E ela nunca conseguiu esquecer também depois desse tempo todo, que ao ouvir muito pouco do que ela tinha a dizer, ele ficou mais uma vez rude e seco. Como se ouvesse muito ódio reprimido. E ela pôde sentir isso nos olhos dele. E ele a interrompeu, mais uma vez. E terminou com a pergunta que até hoje ela carrega guardada dentro de si em um relicário. Ele disse:" ... tá ... disso tudo que você disse eu já sei, que podemos ter muitas coisas boas juntos e tudo mais ... mas você me poderia me contar algo que eu não saiba". E foi ali. Naquele instante com o vento gélido e cortante vindo do mar que secaram todas as lágrimas dela. As da face, as do coração permaneceram por mais um tempo guardadas. Ela lembra que não soube dizer naquele momento o quê ele não sabia, já que ele sempre soube tudo. Porém, hoje essa mulher madura com a graça infantil vinda de um gênio solto pelo sentimento poderia ter lhe dito muitas e muitas coisas que, para ele, de nada adiantariam. Por que a grande diferença entre eles sempre foi e sempre será que ela, nunca soube de nada, só teve a certeza. Tinha a certeza da paixão, depois do amor, do carinho e da consideração. Ele sempre teve a certeza do que era ela, mesmo ela sem saber o que ela mesmo seria. E o foi o fim. Ela não terminou de esperar pelo telefonema, se arrumou e saiu para comemorar seu aniversário como sempre gostou de fazer, coisa que, para ele, por exemplo, "sempre foi como um dia qualquer". Para ela não. Era o dia dela.

sábado, 26 de março de 2011

Esses dias que estão passando como nuvens cinzas, às vezes, seguidas de um sol brilhante que chega a doer os olhos de tão bonito, fiquei pensando (e muito) em escrever sobre o amor. Acredito que este texto já estava em mim à tempos, mas estava guardado naquele sonho bom que chega a ser quase infantil de uma boa mulher que vive se arriscando pela vida.
Devo confessar que tive medo em fazê-lo. Escrever sobre o amor assim ... para as pessoas entenderem, para eu entender, é uma responsabilidade muito grande. Mas, o fiz.
Pesquisei um pouco. Li muito. Meditei. Pensei. E fiz o que mais gosto de fazer: ouvir.
Ouvi todo tipo de pessoa. Ouvi minha vizinha, minha secretária, meu chefe, minhas amigas, meus amigos, eu mesma, meu filho ... ouvi o rádio, o cd, a música ... tudo ... todos ... claro que não nessa ordem...
Entretanto, vou começar citanto os mais famosos...
Clarice Lispector diz que o amor é um cálculo de matemática errado, que somando as incompressões que se ama.
Vinícius de Moraes, poeta e diplomata, o branco mais negro que ele conhece ressalta que "Amar sozinho. Ai de quem ama. Vive dizendo: Adeus, adeus." Explicado. Aquariano, dez casamentos.
Quem sou eu para dizer que ele não sabe o que é amor...
Elis Regina, morta aos 36 anos, por overdose da vida, separada do seu grande amor: "O amor não me compete, eu quero é destilar as emoções... "
Bom, piscina são assim. Somos tudo, ou não somos nada. Eu nasci no mesmo dia que ela...
Chico, o Buarque, eterno solteirão mais cobiçado dentre as mulheres, com a voz mais calma e sexy que alguém pode ouvir, dono de uns olhos verdes, diz que " Quando amo. Eu devoro. Todo o meu coração.Eu odeio. Eu adoro. Numa mesma oração".
Eu digo: está sozinho.
Vamos aos filósofos. Nietzche é um cara visionário. Não sei. Fui obrigada a ler em uma disciplina do mestrado e apaixonei. Por ele. Pelas idéias. Pela visão. Mas, parei. Ainda não é pra mim. A cada página, voltava uma pra entender o parágrafo seguinte. Talvez daqui uns cinco ou dez anos.
E ele diz que " O amor é o estado no qual os homens têm mais probabilidades de ver as coisas tal como elas não são."
Fiquei então mais confusa do que o natural... então, fui buscar a causa... o início. Ele. E então, Freud me respondeu que "Como fica forte uma pessoa quando está segura de ser amada! "
A religão mulçumana diz que o amor vem da convivência, o que é superior a nós - segundo Alah- que o amor é destruído com a convivência.
E eu concordei.
Mas não tinha chegado a lugar nenhum....
Tinha que chegar ao princípio de tudo... busquei antes .... bem antes de tudo ... E ENCONTREI!!!
"Deve-se temer mais o amor de uma mulher, do que o ódio de um homem." - SÓCRATES.
Pois é... um amor de uma mulher é e pode dar além do que qualquer pessoa possa imaginar do que seja. É visceral.
E consegui entender quando alguém diz que é normal as pessoas se separarem e que a vida continua. Eu digo: não era amor.
Amor dói. Sangra. Demora a cicatrizar.
Eu. Bom, eu quero comparar o amor com andar de bicicleta.
Tem gente que nunca andou. Tem pessoas que anda de bicicleta e que nem leva em conta que estão fazendo.
Tem pessoas que andam de capacete, de joelheira ... sempre tão armados ... seguros....
Tem aquelas que andam com rodinhas de apoio e nunca conseguem se livrar delas, só conseguem pedalar se forem com elas ...
Tem aquelas com cestinhas, mais antigas, seguindo os padrões pra não fazer feio e ser descolada ...
Bom... eu ... toda vez que eu ando de bicicleta é como se fosse a primeira vez.
Eu fecho os olhos e sinto o vento no rosto ...
O que vem depois eu não sei, só sei andar e pronto.
Mas, NUNCA, me esqueço de fechar os olhos e esperar que aos abrí-los algo surpreendente me desperte para vida. Para ele. Para o Amor.
Nunca usei capacete. Nunca tive medo em andar de bicicleta.
Só sentia o vento. Aquele vento. Que você fecha os olhos e não sabe mais onde começa você e termina outra coisa. Isso é amor.

Ah.... Clarice Lispector


Já escondi um AMOR com medo de perdê-lo, já perdi um AMOR por escondê-lo. Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos. Já expulsei pessoas que amava de minha vida, já me arrependi por isso. Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem.Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram.Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir.Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi.Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto.Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir.Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam.Já tive crises de riso quando não podia.Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva.Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse.Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar.Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz.Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava.Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade... Já tive medo do escuro, hoje no escuro "me acho, me agacho, fico ali".Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.Já corri atrás de um carro, por ele levar embora, quem eu amava.Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo. Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda.Já chamei pessoas próximas de "amigo" e descobri que não eram... Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim.Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração!Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra SEMPRE! Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos. Você pode até me empurrar de um penhasco q eu vou dizer: - E daí? EU ADORO VOAR!