Uma mulher avoada com asas cor-de-rosa. Um livro, um filme bom, um copo com água com gás e gelo, uma Heineikein gelada, uma sacada, um caderno e uma caneta. Uma música. Um cigarro apagado. Um sorriso. Um pôr-do-sol. Uma janela.
Aos poucos e bons. Sempre.
terça-feira, 12 de abril de 2011
Voar com suas próprias asas
Cléo se olha no espelho e sorri. Fazia tempos que não sorria para ela mesma. O sol vindo pela fresta da janela do banheiro ressaltava seus olhos marrons e cativantes. Percebeu o quão era bonita. Fechou os olhos pra pentear seus cabelos e ao abrí-los deu uma piscada. Piscou pra vida. Desafiando-a. Só não sabia ao certo pra quem era aquele desafio. O dia começava ali naquele instante e estava tão segura de si que nada podia detê-la. Escovou os dentes olhando fixamente para seu próprio olhar. Sentiu-se livre. Como as asas de uma borboleta cintilante colorida que ofusca de tanta beleza os olhos dos seres humanos. As pessoas a cobravam que aquele brilho tinha sumido. Brilho esse que sempre a fez voar leve e solta pelos corações de amigos e pessoas das quais ela compartilhava sua vida. Ela sentiu que o raio daquele brilho tinha voltado. Porque para ela, esse brilho ela nunca viu, mas as pessoas diziam tanto que estava com ela que se conveceu que o tinha. Ela sempre foi diferente. Os homens temem sua nuca que fica à mostra com seus cabelos curtos e as mulheres da sua inteligência. E ela nem se importava mostrar a sua nuca, mas se importava (e muito) com a sua inteligência. Por um momento em sua vida, deixou de lado quem era pra poder amar. Entretanto, ficou sem o tal brilho. Já não era ela. Se perdeu. E, ali, naquela manhã depois de muito tempo se achou. Terminou de se arrumar, fez sua rotina matinal e saiu. Saiu para a vida, para o trabalho. Dirigiu ouvindo Tim Maia. Com o blues triste e sonoro daquela voz quase negra entrando no seu coração entendeu que a via lhe põe obstáculos, tristezas e fúrias. Ela, uma mulher "brilhante" , ainda não tinha entendido que, não importa o que acontecer,o que se passar, nunca poderá deixar de existir para ela e para aqueles que ela cativou. Sorriu. Desligou o ar-condicionado do carro. Abriu a janela para sentir o vento. Ele levou o que ela já tinha perdido e refrescou quem ela era. Cléo entendeu naquele instante com aquela mensagem quase que subliminar que suas asas estavam ali. E que, ao contrário das borboletas que vivem quarenta dias, ela viveria por anos. Não podia deixar de bater suas asas. E vôou. Um vôo solitário no carro ao som daquelas músicas. Porém, estava certa que, se não existissem janelas ela voaria. Voaria longe e sempre. Brilhando por entre aqueles que a conhecem e por entre outros que não temem pela suas asas. Estava feliz e solta. O zunido silencioso da suas asas deixou pra trás o medo de voar. E se foi. Para ela, para vida. Sentiu que a piscada do espelho tinha retornado com uma resposta. A vida lhe respondeu para buscar sua felicidade.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Linda você. Viva hoje e sempre. Cai e levanta.
ResponderExcluirBeijo no seu coração.
Daniela