Eu gostava de receber cartas. Lembro-me que as trocava com amiga do colégio. E olha que a gente conversava todos os dias. Mas, sempre tinha alguma coisa que não falávamos e depois escrevíamos. Colecionava adesivos. E as músicas eram ouvidas com disc-man. Devo estar ficando velha. Velha não. Vintage. Balzaquinana. Dessas que olham pra trás e acha tudo tão lindo. Hoje o mundo gira mais rápido que ontem e acredito mesmo que nos perdemos. Outro dia, estava rindo com uma amiga minha (que não cheguei a trocar cartas), que eu tinha um BIP. Daqueles que as pessoas dizia que queriam falar com você e corríamos para o orelhão. Hoje já nem vejo mais orelhões. Porque existe um celular para cada dois habitantes no mundo. Acho que nem existia a palavra conectividade no Aurélio. Se bem que hoje nem existe mais Aurélio. Existe Google. Entretanto, pode existir tablets no lugar de agenda, Mp sei-lá-o-quê no lugar de CD. Aplicativos para decidir que cor de calcinha usar. Pode exisitir tudo isso e mais um pouco. Um amigo na Turquia, na China e outro no Brasil e se falarem todos os dias pelo Sky. Mas, nada, nada nessa vida substitui o cinema juntos. A conversa boa regada a uma cervejinha com risadas gostosas e sonoras. Nada substitui receber flores. Falar bom dia ao vivo. Abraçar quem se quer bem. Nenhum you tube substitui o arrepio de ver seu cantor ou banda preferida em um show, lá no palco, sem a tela do computador, net ou notbook lhe separando. Energia. Nenhum facebook substitui aquelas conversas longas pra você contar quem é, o quê viveu, essas coisas. Dessas que fazem as pessoas se aproximarem, se gostarem, serem amigos e se amarem. Sinto falta das cartas. Sinto falta das coisas simples. Do contato. Meus amigos sempre estavam e estarão presentes. Eu sei. Mas desses que falo, são aqueles que conheci e que cultivamos o amor sem essa tal de conectividade fazer parte das nossas vidas. E eles permaneceram de tal forma que nenhum e-mail substitui nossa tarde. Seja ela com sorvete, seja ela com viagem, seja ela com churrasco ou seja ela com uma noitada. Somos a geração do avanço, da tecnologia devassa nas nossas vidas. Entretanto, fomos criados com aquelas cartas, com desenhos sem violência e com respeito. Está aí. Tenho os melhores homens e as melhores mulheres ao meu lado. E viva a conectividade do blogg para que vocês possam ler isso! Porém, tenho dito que nada me faz tão feliz do que ver o sorriso de vocês.
Uma mulher avoada com asas cor-de-rosa. Um livro, um filme bom, um copo com água com gás e gelo, uma Heineikein gelada, uma sacada, um caderno e uma caneta. Uma música. Um cigarro apagado. Um sorriso. Um pôr-do-sol. Uma janela.
Aos poucos e bons. Sempre.
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
terça-feira, 17 de janeiro de 2012
"Chorei três horas, depois dormi dois dias.Parece incrível ainda estar vivo quando já não se acredita em mais nada. Olhar, quando já não se acredita no que se vê. E não sentir dor nem medo porque atingiram seu limite. E não ter nada além deste amplo vazio que poderei preencher como quiser ou deixá-lo assim, sozinho em si mesmo, completo, total." - Caio Fernando Abreu.
E a gente fica assim então. Ás vezes é melhor nem dizer tudo aquilo que era pra ser dito. Porque você não atendeu, ou porque eu não liguei. Mas, sabemos. Sabemos que houve um dia naquele exato instante que você irritou-se e eu calei. E aquilo tudo que era tão grande ficou pequeno porque as lágrimas enrrugaram as frases e elas simplesmente secaram. E hoje acordo daquele choro desesperado e só consigo suspirar. E respirar. Não sei se dormi. Acho que sonhei. Desses que você acorda quando vai tombar no chão do penhasco. Daquele que ficou entre mim e você. E que lindo ficou. Ficou cinza encoberto. Com umas nuvens com gotas de chuva a cair. A tempestade emerge quando a saudade chega ao lado do coração. Mas não entra. Do penhasco eu olho daqui de cima, desse meu lado só meu. E, você pode não acreditar, porém, eu sorrio. Um sorriso sem graça, quase nervoso. É o que eu tenho pra dar nisso tudo. Porque já dei tanto pra essa cena que hoje cansei, sabe? Visto a corda que estica-e-volta tipo bungee jumping. Chego até lá e volto. O frio na barriga compensa até hoje. Como quando fecho meus olhos e lembro do seu sorriso e da sua escova de dente do lado da minha. Entretanto, como toda aventura, chega um dia que ela vai dar mais enjôo do que alegria. E esse dia vai chegar. Hoje a corda ficou enrrolada na mochila. Não pulei com todo meu corpo. Só imaginei. Só lembrei. Só pensei. E eu lhe digo, vai chegar um dia que vou acordar e não vou querer preencher o vazio que ficou com um salto no penhasco. Só vou ficar olhando daqui de cima e isso já vai me fazer feliz. O frio na barriga não compensa mais o desgaste. Aí vou ter a certeza que não sonhei. Simplesmente vivi.
domingo, 15 de janeiro de 2012
Metrô e outras coisas afins ....
E hoje quando me olho no espelho não me vejo mais. O reflexo que volta é de uma pessoa crescida pela vida. E fica um tanto quanto engraçado porque o coração sorri escondido como aquele quando tinha dezoito anos. E essa linha que fica entre lá e cá esticada entre uma coisa e outra. E me faz assim. Desse jeito diferente. Até hoje me pergunto se isso é bom ou não. Só sei que páro pra ver a lua. E olho por entre as frestas da janela do meu quarto. Mas, devo confessar que já fiquei sentada no chão do banheiro porque a imagem da janela de lá era melhor. O reflexo batia no azulejo e deixa o chão tão claro que parecia dia, parecia o amanhecer. Se me perguntassem qual é o melhor lugar do mundo, eu responderia que era na beira do mar no fim de tarde. Daqueles que o sol é morno e fica assim beijando a água que você fica em dúvida onde começa um e termina o outro. E que o melhor dia da minha vida foi aquele que ainda está por vir. E se me perguntassem qual é o meu hobby, eu responderia que é observar as pessoas. Ontem no metrô tinha uma menina-garota-mulher que conversava no celular com o amor. Não sei o quê ele dizia. Mas ela tinha um olhar de felicidade que me deu gosto de ver. Dessas de sessão da tarde e comédia romântica. De calcinha cor-de-rosa bebê. Em um milésimo de segundo ela percebeu que eu estava olhando e escutando o bate-papo. Sorriu. Sorri de volta. O vagão chacoalhava lentamente e em um súbito gesto, ela disse: " Vou tirar meus óculos pra você!". E tirou o óculos de grau. Como se ele pudesse ver. E cochichou. Achei aquilo tão lindo. Ninguém percebeu. Mas eu vi. Ela desceu na próxima estação e olhou pra trás me procurando. Cruzamos o olhar. Sorri novamente. E é disso que eu falo. Das pessoas que existem e são diferentes. Quanto menos procuro, mais eu encontro. Ainda bem. Acredito que são elas que fazem tudo isso valer a pena. Varro a lua no chão do meu banheiro. E a linha que existe cada vez fica mais esticada. Dentre o que se espera e o quê faz de você mais bonito.
quarta-feira, 11 de janeiro de 2012
E o futuro começou ontem
E para aqueles que chegaram agora ... aconselho a começar a ler por aqui mesmo. Como sábias palavras de domínio popular, eu lhes digo: " O passado passa". E eu, como uma boa saudosa pela vida, esperançosa em que tudo possa melhorar desde que você queira e deseje de olhos fechados, tive a oportunidade de passar tudo com um ferro de roupa bem antigo. Daquele ferro suficientemente pesado para engomar o passado de forma clara e bela. Passei cada motivo pelo qual tinha escrito os textos que estavam por aqui. Depois de todos bem esticados, dobrei um por um e guardei todos em uma caixa mágica. Abri a porta de correr do meu guarda-roupa e subi na primeira gaveta para me equilibrar. Coloquei a caixa na última prateleira lá de cima. Consigo vê-la toda vez que as portas se abrem. Mas vejo só a etiqueta que escrevi. Fechada e guardada. Perto dos olhos pra eu saber que ela está lá. Mas longe do meu dia-a-dia de hoje em diante. Não preciso abrir e remoer tudo pra saber o que tem nela. O que eu quero mesmo a partir de hoje é juntar muitas e muitas mais peças, textos, sorrisos, rostos e amores pra montar uma outra caixa. E se eu tiver vontade de guardar novamente? Guardarei. Viverei. Amarei. Sofrerei. Veremos o que vai acontecer. Se for bom ou ruim o suficiente, estará aqui escrito, editado, reformulado, mas por hora (propositalmente com "h"), não será passado.
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