Deus. Abençõe a carne moída com batata da minha mãe Teresa, o bife a milaneza da minha tia Joseli, a sopa de feijão com queijo da minha avó Juraci e as fatias húngaras da minha nona Mariquinha. Abençõe também o cheese cake da Adélia, minha lazanha de berinjela e toda e qualquer comida que meu pai Adhemar faça com sua cabeça esquecida e suas mãos trêmulas. Abenções quem inventou Amandita, Ferrero Rocher e o Kinder Ovo. Abençõe o canto da Alcinéa que, ao limpar minha casa, alegra minha vida. Abençõe o sorriso do meu filho quando ele acorda e me chama. Abençõe aquela borboleta amarela que você coloca na minha janela toda vez que eu vou fumar um cigarro pensando na vida. Abençõe todos os filhotes de cachorro, inclusive o meu, que destrói tudo e ainda sim, eu consigo sorrir quando olho para aquelas bochechas cor de rosa e aquela cara de pastel que ela faz. Aliás, Deus, abençõe os pastéis de queijo. Abençõe os textos da Clarice e as crônicas do Rubens. Aquele Fonseca. Deus, abençõe minhas amigas. Desde aquelas que eu ligo de madrugada bêbada e triste, até aquelas que eu saio para tomar cerveja. Todas elas são minhas. Moram aqui ó .... no coração. Deus, abençõe o Téo. As minhas professoras que se tornaram minhas amigas, porque eu nunca imaginei conseguir chegar até elas. Abençõe minha comadre. Se eu faltar um dia, aqueles olhos verdes me substituirão. Abençõe a música. Abenções Elis, Hebert, Marisa, Adriana. (Calcanhoto). Abençõe, pelo meu filho, o Patati e o Patatá e os Backyardigans. Abençoe meus balabares. Abençoe meu trabalho que faço hoje porque sempre quis chegar onde estou. Deus, abençõe a neve, Paris e Londres, porque um dia vou chegar a conhecer todas elas e posso te garantir que vou amar, do fundo do meu coração. E me abençõe sempre porque eu nunca deixei, por um só momento, de acreditar que você existe. Amém.
Uma mulher avoada com asas cor-de-rosa. Um livro, um filme bom, um copo com água com gás e gelo, uma Heineikein gelada, uma sacada, um caderno e uma caneta. Uma música. Um cigarro apagado. Um sorriso. Um pôr-do-sol. Uma janela.
Aos poucos e bons. Sempre.
quinta-feira, 31 de março de 2011
terça-feira, 29 de março de 2011
O aniversário
Ela está separada fazem cinco anos. Na verdade, ele se separou dela e já se passaram cinco anos. Hoje é o aniversário dela e ele não ligou. Ela sabia que ele não iria fazê-lo. Caso o telefone tivesse o poder de transmitir o cheiro e se ele tivesse ligado, teria sentido que ela havia se perfumado mais uma vez para ele. Mas dessa vez somente para ouvir sua voz. Ela já teve uns casos nesse meio tempo, entretanto, ainda não conseguiu se entregar de novo. Sempre fica se perguntando de quem era a culpa dela se sentir daquela maneira. Alguns dos homens que passaram por ela nesse tempo sozinha tiveram mais consideração em dias do que ele em anos. Enxergaram nela seu sorriso, sua inteligência, sua simpatia, sua felicidade, sua facilidade, sua espontaneidade, sua sagacidade, tudo que ela se tornou com seus 37 anos de idade hoje completos. E ele nunca enxergou. Nunca era o bastante para ele. As críticas sempre vinham antes dos elogios velados em umas palavras incógnitas. Até hoje ela não sabe se eram propositais para ela não decifrar precedidas de um sorriso esquisito. Depois ele dizia que era brincadeira diante da face dela de desgosto e do olhar longe que ela fazia ao olhar pra ele e não conseguia enxergar ela mesma nos olhos dele. Hoje ela entende que, ao olhar para ele, ela não conseguia vê-la porque ele sempre deixou em entre linhas que para ele, ele sempre foi e sempre será mais importante do que qualquer coisa. E ele não está errado. Talvez nenhum dos dois esteja. Porém, ela ainda não consegue esquecer que quando foi conversar com ele pela última vez ao desespero - e chorava de amor e não por quê sofria, como diz a música - e tentou dizer sobre futuro, sobre como as coisas poderiam dar certo e serem melhores, em como ela poderia ser uma pessoa melhor se ele compremetesse em ser também, que estava ali. Lembra ainda que o vento era gelado que vinha do mar e congelava suas mãos. Ela teve medo e frio. Carregava as suas alianças. Eles já as tinham retirado de seus dedos. E ela nunca conseguiu esquecer também depois desse tempo todo, que ao ouvir muito pouco do que ela tinha a dizer, ele ficou mais uma vez rude e seco. Como se ouvesse muito ódio reprimido. E ela pôde sentir isso nos olhos dele. E ele a interrompeu, mais uma vez. E terminou com a pergunta que até hoje ela carrega guardada dentro de si em um relicário. Ele disse:" ... tá ... disso tudo que você disse eu já sei, que podemos ter muitas coisas boas juntos e tudo mais ... mas você me poderia me contar algo que eu não saiba". E foi ali. Naquele instante com o vento gélido e cortante vindo do mar que secaram todas as lágrimas dela. As da face, as do coração permaneceram por mais um tempo guardadas. Ela lembra que não soube dizer naquele momento o quê ele não sabia, já que ele sempre soube tudo. Porém, hoje essa mulher madura com a graça infantil vinda de um gênio solto pelo sentimento poderia ter lhe dito muitas e muitas coisas que, para ele, de nada adiantariam. Por que a grande diferença entre eles sempre foi e sempre será que ela, nunca soube de nada, só teve a certeza. Tinha a certeza da paixão, depois do amor, do carinho e da consideração. Ele sempre teve a certeza do que era ela, mesmo ela sem saber o que ela mesmo seria. E o foi o fim. Ela não terminou de esperar pelo telefonema, se arrumou e saiu para comemorar seu aniversário como sempre gostou de fazer, coisa que, para ele, por exemplo, "sempre foi como um dia qualquer". Para ela não. Era o dia dela.
sábado, 26 de março de 2011
Esses dias que estão passando como nuvens cinzas, às vezes, seguidas de um sol brilhante que chega a doer os olhos de tão bonito, fiquei pensando (e muito) em escrever sobre o amor. Acredito que este texto já estava em mim à tempos, mas estava guardado naquele sonho bom que chega a ser quase infantil de uma boa mulher que vive se arriscando pela vida.
Devo confessar que tive medo em fazê-lo. Escrever sobre o amor assim ... para as pessoas entenderem, para eu entender, é uma responsabilidade muito grande. Mas, o fiz.
Pesquisei um pouco. Li muito. Meditei. Pensei. E fiz o que mais gosto de fazer: ouvir.
Ouvi todo tipo de pessoa. Ouvi minha vizinha, minha secretária, meu chefe, minhas amigas, meus amigos, eu mesma, meu filho ... ouvi o rádio, o cd, a música ... tudo ... todos ... claro que não nessa ordem...
Entretanto, vou começar citanto os mais famosos...
Clarice Lispector diz que o amor é um cálculo de matemática errado, que somando as incompressões que se ama.
Vinícius de Moraes, poeta e diplomata, o branco mais negro que ele conhece ressalta que "Amar sozinho. Ai de quem ama. Vive dizendo: Adeus, adeus." Explicado. Aquariano, dez casamentos.
Quem sou eu para dizer que ele não sabe o que é amor...
Elis Regina, morta aos 36 anos, por overdose da vida, separada do seu grande amor: "O amor não me compete, eu quero é destilar as emoções... "
Bom, piscina são assim. Somos tudo, ou não somos nada. Eu nasci no mesmo dia que ela...
Chico, o Buarque, eterno solteirão mais cobiçado dentre as mulheres, com a voz mais calma e sexy que alguém pode ouvir, dono de uns olhos verdes, diz que " Quando amo. Eu devoro. Todo o meu coração.Eu odeio. Eu adoro. Numa mesma oração".
Eu digo: está sozinho.
Vamos aos filósofos. Nietzche é um cara visionário. Não sei. Fui obrigada a ler em uma disciplina do mestrado e apaixonei. Por ele. Pelas idéias. Pela visão. Mas, parei. Ainda não é pra mim. A cada página, voltava uma pra entender o parágrafo seguinte. Talvez daqui uns cinco ou dez anos.
E ele diz que " O amor é o estado no qual os homens têm mais probabilidades de ver as coisas tal como elas não são."
Fiquei então mais confusa do que o natural... então, fui buscar a causa... o início. Ele. E então, Freud me respondeu que "Como fica forte uma pessoa quando está segura de ser amada! "
A religão mulçumana diz que o amor vem da convivência, o que é superior a nós - segundo Alah- que o amor é destruído com a convivência.
E eu concordei.
Mas não tinha chegado a lugar nenhum....
Tinha que chegar ao princípio de tudo... busquei antes .... bem antes de tudo ... E ENCONTREI!!!
"Deve-se temer mais o amor de uma mulher, do que o ódio de um homem." - SÓCRATES.
Pois é... um amor de uma mulher é e pode dar além do que qualquer pessoa possa imaginar do que seja. É visceral.
E consegui entender quando alguém diz que é normal as pessoas se separarem e que a vida continua. Eu digo: não era amor.
Amor dói. Sangra. Demora a cicatrizar.
Eu. Bom, eu quero comparar o amor com andar de bicicleta.
Tem gente que nunca andou. Tem pessoas que anda de bicicleta e que nem leva em conta que estão fazendo.
Tem pessoas que andam de capacete, de joelheira ... sempre tão armados ... seguros....
Tem aquelas que andam com rodinhas de apoio e nunca conseguem se livrar delas, só conseguem pedalar se forem com elas ...
Tem aquelas com cestinhas, mais antigas, seguindo os padrões pra não fazer feio e ser descolada ...
Bom... eu ... toda vez que eu ando de bicicleta é como se fosse a primeira vez.
Eu fecho os olhos e sinto o vento no rosto ...
O que vem depois eu não sei, só sei andar e pronto.
Mas, NUNCA, me esqueço de fechar os olhos e esperar que aos abrí-los algo surpreendente me desperte para vida. Para ele. Para o Amor.
Nunca usei capacete. Nunca tive medo em andar de bicicleta.
Só sentia o vento. Aquele vento. Que você fecha os olhos e não sabe mais onde começa você e termina outra coisa. Isso é amor.
Ah.... Clarice Lispector
Já escondi um AMOR com medo de perdê-lo, já perdi um AMOR por escondê-lo. Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos. Já expulsei pessoas que amava de minha vida, já me arrependi por isso. Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem.Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram.Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir.Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi.Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto.Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir.Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam.Já tive crises de riso quando não podia.Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva.Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse.Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar.Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz.Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava.Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade... Já tive medo do escuro, hoje no escuro "me acho, me agacho, fico ali".Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.Já corri atrás de um carro, por ele levar embora, quem eu amava.Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo. Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda.Já chamei pessoas próximas de "amigo" e descobri que não eram... Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim.Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração!Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra SEMPRE! Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos. Você pode até me empurrar de um penhasco q eu vou dizer: - E daí? EU ADORO VOAR!
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