Aos poucos e bons. Sempre.

Aos poucos e bons. Sempre.

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

 
Ei menina do xote delicioso. Do café-com-leite gelado e do queijo derretido pela manhã. Do cereal pra substituir o pão. Do pôr-do-sol da janela do carro.
Da unha sem comer depois de velha.
Da Clarice de domingo à tarde na piscina a contra gosto.
Da Elis cantarolada em alto e bom som no carro.
Do trabalho feito homem.
Do inglês ruim.
Do sorriso largo pra quem quer que seja.
Da Gal pra tomar banho.
Do Fat Boy Slim pra balada, pro after hours e pro gato.
Ei menina do coração generoso.
Da dó pelo moleque no farol hoje.
Do anel de lua e estrela.
Que tem saudade daquilo que não viveu.
Ei menina que descobriu que sua casa é uma mochila.
Uma mala.
Que saudades deu hoje de um sonho que tive. Era cor-de-rosa.
Era Paris.
Que saudades que me deu hoje.
Pensei em você.
Sorri.
Vamos viajar de novo quando juntas? - a mochila perguntou.
Logo menos - respondi.
Tenho uma vontade louca de viver que não cabe em mim.
Não cabe em meu passaporte, não cabe em minha mochila.
Daquelas que já aprendi a colocar nas prioridades:
Contas do mês - ok
Casa, escola do moleque - ok.
Próxima parada: Disney.
Here we go! :)
Ei menina do xote delicioso, vamos viajar!
Precisamos de férias!
"Eu penso em você, fico com saudades ...."
Quem é você?
Sou do destino, sou do acaso.
 
 
 

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

A caixa de ferramenta.

 
 
Do clichê das coisas que eu sei. Das coisas e tantas de que não disse. Das coisas e tantas que não fiz. Da resiliência adquirida aos trancos e barrancos. Da janela do carro vendo o pôr-do-sol lindo (dane-se onde vai esse acento e esse hífen, cresci escrevendo em letra de forma com caneta Bic em bloquinho de papel, estou atrasada na modernidade até da língua portuguesa). Desse entardecer amarelado-quase-alaranjado regado nos mais belos ipês floridos espalhados silenciosamente pelo concreto cinza-oco dessa cidade que amo. Que respiro. Que sorrio e pisco todos os dias pela manhã. Ou pela tarde, depende do meu fuso horário.
Das coisas mais belas e singelas. Dessas de comer um japa no sofá. Da maleta de ferramentas pra consertar qualquer defeito. Deve ter chave de fenda. Tem que ter. Porque tem uns parafusos soltos que andam tentando se apertar sozinhos. Vira e mexe rodam sozinhos. Não encaixa. Não dá liga. Não dá aquele click  esperado e quase inaudível - como se você comprasse todas as pilhas Duracell do mercado, e mesmo assim, o positivo não encaixa no negativo. O brinquedo não funciona. Agoniza lá. É bonito o ursinho com o coração pulsante. Mas ele não bate. Não tem tambor.
Sei lá onde vende o manual.
A música que gosto é velha. Mas também sou ou estou. Questão de espírito.
Atualmente é primavera pela cidade.
Hoje me peguei olhando para um ipê rosa pela janela do carro. Era lindo. Queria te ligar pra dizer que sorri.
Sorri por você. Pela suas ferramentas. Queria te contar, quase sem fôlego, que você chegou pra alegrar meu dia.
Vem com suas ferramentas.
Já tenho o diagnóstico do conserto:
Me faça quase todos os dias querer dizer: BOM DIA pro português da padaria e mandar flores ao delegado.
Traga a chave de fenda que te mostro logo menos onde estão meus parafusos.