Aos poucos e bons. Sempre.

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quinta-feira, 20 de maio de 2010

Uma louca aventureira

Todo mundo que me conhece um pouquinho sabe que eu tenho uma sutil afeição por pinguins. Teve até uma vez que no início de uma disciplina, na minha estadia na Faculdade de Moda, que no primeiro dia de aula o professor pediu para que escrevêssemos qual animal gostaríamos de ser e porquê, e depois todos os alunos explicaram os seus motivos para toda a sala. Foi engraçado. Claro que foi, pois dentre vários leões, leoas, cachorros e pavões, lá estava eu. Um único pinguim. Lembro-me que justifiquei dizendo que queria ser tal ave porque sempre estaria bem vestida, que poderia sempre estar fora de forma sem me sentir excluída, afinal meu andar seria charmoso quanto maior fosse minha barriguinha. Todos riram, e eu também. Bom, minha história de hoje não tem nada a ver com pinguins, e sim com ramsters. rs. Teve uma fase da minha vida, cerca de uns dez anos atrás, que eu criei ramsters. Não era qualquer ratinho que eu criava não. Escolhia-os meticulosamente. Escolhia sempre aqueles que tinham uma carinha engraçada e uma pancinha considerável. Escolhia os mais lentos. Aqueles que ao invés de correr naquela rodinha de metal, dormiam nela. Pois bem. Certo dia, comprei uma ramster em um pet shop. Colocaram-na em uma caixinha de papelão para eu poder levá-la para casa. Nessa época eu tinha um carro de cor roxa. (Sim, um corsa roxo). Entrei no Roxo Beslicão - era o apelido do meu poçante- e acomodei meu mais novo animal de estimação naquele vão do carro entre os bancos da frente e os de trás, onde se você tem uns trinta anos, ainda teve a oportunidade de sentar nele quando tinha uns seis anos de idade e colocava cabeça entre o motorista e o carona. Ela era branquinha com manchas em cor de café com leite, seu pêlo era grande, maior que o dos outros. Era barriguda e tinha os bigodes brancos e incrivelmente grandes. A garota do pet me informou que ela era assim porque comia mais do que os demais. Ela riu e eu também . " Então é essa!" - eu disse. Dirigi pra casa feliz da vida por ter achado uma mulher para o ramster solitário que eu já tinha, que a essa altura do compeonato já estava comendo salame na mão da minha mãe quando ela (somente ela) o chamava. Bom, quando cheguei na garagem de casa, parei o carro e fui pegar a caixinha de papelão. Ela não estava lá. A caixinha vazia sorria sileciosamente pra mim. Eu também sorri. Sorri de desespero. "Onde será que ela foi..." - eu pensei. Lembro -me que eu chamei gritando minha mãe, contei rapidamente o que tinha ocorrido e lá fomos nós a procura da fugitiva. Procuramos cerca de meia hora por todo o carro. E nada. Não a achei. Entristeci e fiquei apreensiva. Minha mãe deu a idéia de colocarmos um pouco de ração no banco pra ver se ela viria comer. Coloquei e nada. Assim, foram mais ou menos uma semana. Colocava a ração e quando ia ver, lá estava apenas a casca da semente de girassol e sem nenhuma sombra daquela aventureira maluca. Andei cerca de uma semana com o Roxo Beslicão, às vezes, quando parava pra estacionar o carro escutava aquele tic-tic de barulho de ratinho. Um dia, quando fui buscar o carro pra ir embora da faculdade, ele não estava onde havia parado. Roubaram meu carro. Naquele momento de desespero, em meio ao choramingos, eu ri. Ri um riso regado a nervosismo. Enquanto fazia o boletim de ocorrência na delegacia, eu lembrava da minha ramster. Pensava onde ela poderia estar. "Se forem desmanchar e despedaçar meu carro e acharem um rato, iriam matá-la". Mas, ela não era um rato, era minha ramster perdida. Uma louca aventureira. "Onde será que ela está... como será que ela está...". Ai, ai. Hoje, escrevendo essa história, respirei e pensei: "Ainda bem que eu não inventei de criar pinguins...".

3 comentários:

  1. ótimo.... rs. Passei sem procurar e achei. Ri muito. Não deixe de escrever.
    Clara

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  2. Beth!!Escreve mais!Adoro ler as coisas que vc coloca no Blog!
    Beijos,
    Marina

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  3. Ganhamos um pínguim (mas de pelúcia) hj, o nome dele é Anselmo!
    minha irmã gosta de ursinhos diferentes..esse veio para fazer companhia ao onitorrinco. rsrs

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