Aos poucos e bons. Sempre.

Aos poucos e bons. Sempre.

sábado, 7 de maio de 2016

I-N-S-P-I-R-A-D-O-R-A

Esperei por esse dia desde seus dois anos de idade quando eu fui na primeira e última apresentação de Dia das Mães. Você era uma árvore cheia de maçãs de EVAs pendurados. Não me lembro de ter ficado emocionada, fiquei mesmo compadecida pelo calor que você estava passando naquela roupa.
Pois bem.
Contei essa história que vou relatar aqui hoje no almoço pra duas amigas e fiquei remoendo-a no carro dirigindo de volta pra casa. Transbordei. Sorri silenciosamente aquele meu sorriso que você conhece bem e resolvi compartilhar de forma despretenciosa que sempre escrevo.
Essa semana você entrou no carro silencioso, caso esse que deve ser investigado com uma lupa de aumento na proporção de mil unidades por centímetro, pois, você um geminiano nato, não pára de falar de você e dos outros. Detalhes não lhe passam desapercebidos nessa sua memória de elefante. Estava triste, tristinho, mais sem graça que a top model sem graça na passarela. Estava mais solitário que um paulistano. (musicalidade sempre pra vida - com as honras de Zeca Baleiro)
Perguntei o por quê disso.
Silêncio.
Retrovisor mediou meu olhar investigativo. Sorri.
"Fala, vai. O que foi?"
"A Prô não vai me dar uma letra da apresentação". - tinha uma tal frase que iria ser formada depois da música "É preciso saber viver".
"Enzo, isso não tem problema, não tem importância" - menosprezando como um crime culposo.
Você - furioso, com olhos cheios de lágrimas.
"TEM SIM, você já não vai na minha apresentação, minha avó é que vai e VOCÊ SABE que eu gosto de dançar e aparecer".
Eu tinha ali duas opções:
1) Ou chorar com você e dizer que "a vida não é justa" - a frase que você escuta toda vez que tem que levantar comigo às 5:30 h pra tomar banho pra dar tempo de sairmos às 6:50 h. "Porque eu tenho que estar às 8:00 h em tal lugar, moramos longe, somos só nós, você tem que me ajudar" - e te arrasto pro chuveiro fazendo coceguinhas e você se entrega lindamente pela manhã. Porque, sendo mãe, aprendi que criança não tem rancor. Tem memória.
2) Ou ser MÃE:
"DESCULPA. Me expressei errado. É importante SIM. Pra você e pra mim também. Mas, veja, se a professora não te escolheu agora, não quer dizer que você é menos importante. Eu não poderei estar no sábado (no caso hoje), mas sua vó estará lá e pedirei ao Bruno - namorado, companheiro, ajudante, amigo - para que esteja lá na minha ausência pra tirar fotos e fazer vídeos de você dançando. E tem outra coisa ...."
Já sorrindo, me deu a oportunidade de explicar como em um julgamento - filhos são seres que lhe dão a oportunidade de você ser melhor e fazer melhor a cada dia.
"Nunca se esqueça que os últimos serão os primeiros. Pensa em uma fila, se você estiver no último lugar e a fila, por algum motivo,virar:  Quem será o primeiro?" - segura eu estava que ali, ele ia aprender que nem sempre a vida vai lhe dar oportunidades, ou melhor, quase nunca. Mas, nada é constante, nada é previsível. "O importante é você se apresentar como se estivesse com a letra, como se fosse o primeiro, fazer o seu melhor e acreditar do fundo do seu coração que vai dar certo. Ter fé e esperança".
"Vou fazer isso" - e fomos comer no MC Donald´s.
No dia seguinte...
Antes de contar o que aconteceu, preciso explicar que acredito em forças e energias emanadas para o Universo. Preciso explicar que, realmente, acredito que quando se deseja algo do fundo do coração, o "efeito borboleta" acontece para as pessoas do bem. Confesso que rezei naquele dia do meu jeito para que ele ficasse feliz, já que eu não poderia estar lá e seria uma barra esse garoto de quase 8 ter que enfrentar tamanha frustação.
"Mamys, você não acredita!" - sorrindo feito hiena da Era do Gelo.
"A Prô meu deu a letra I."- colocando o aparelho pra fora da boca. Ele faz isso quando está ansioso.
"Nossa! Que máximo! Toca aqui" - fizemos um toque de mãos daqueles que você vai com a mão espalmada e termina em um mini soquinho.
"Enzo, o que era a frase que você tanto queria participar?" - ainda não sabendo o por quê de tanta tristeza dele.
"Vamos escrever:
MÃE INCENTIVADORA"
Tá aí. Descobri o drama justo que ele sentiu. Muito justo.
Eu, que não sou a melhor mãe do mundo, já que não estava lá na Festa do Dia das Mães porque estava trabalhando, não poderia ficar de fora - no entendimento dele - da palavra.
Sou o INCENTIVO dele.
Sou "a" INCENTIVADORA.
"O que é ser incentivadora?"- pra me certificar do entendido.
"É ser alguém que não desiste nunca da gente e sempre faz o melhor".
Não chorei.
E esse final é só meu por hora:
"Filho, que você me ensine a cada minuto te ver crescer fora dos meus dedos e dos meus olhos a ser uma pessoa melhor. Que você cresça com meu incentivo para ser um homen do bem, um menino bom. Não vou estar muito atrás de seus sonhos. Aliás, seja-lá-o-que-você-quiser-ser, eu te Incentivarei sempre. Obrigada por existir. Não é Feliz Dia das Mães pra mim, e sim um:
Feliz dia meu por você me dar a oportunidade de te ver crescer.
Meu desejo é ter você como filho. E não poderia ser melhor do que você. Seja feliz.
Te amo."
Mamys. - Incentivadora de topete, skate e Califórnia.
 
 
 
 
 
 
 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário