Aos poucos e bons. Sempre.

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segunda-feira, 2 de julho de 2018

Pedido as mulheres negras. De salvação e desculpa.


Para ouvir:

Faz tempo que eles falam sobre nós.
E, há tempos, os deixamos fazer.
E está tudo bem. Por hora.
Na mesa de almoço eu prefiro ficar calada.
Ele é engolido pelo próprio discurso.
As meninas brancas se entreolham, eu saio andando na frente.
Prefiro ter paz, hoje em dia, do que razão.
Ele vai ter uma filha mulher.
Vamos acompanhar de perto.
Briguei tanto, e brigo até hoje.
As minas brigam entre si sobre o aborto e não leem sobre sororidade.
E eu me calei no almoço.
E atacam uma mulher negra pelo cabelo dela. E eu deixo ele falar o que ele quer no almoço por medo de não ser bem quista no emprego.
Medo de quê, cara pálida?
Enquanto a gente se ataca e eles vencem, perdemos.
Enquanto eu não me sentir segura de olhar pro lado e ter em quem confiar, eles vão vencer.
Mulher, eu não sou ninguém sem você.
Se vc me ver olhando pra vc nessa situação, sorria e faz um sinal pra eu mandar aquele discurso bom que sabemos que vai ser ótimo.
Nesse momento, queria mesmo era ser a Negra Lee. Mas, não sou.
Só pisca. Só sorri. Que o resto eu consigo.
Nesse momento, queria ser uma preta empoderada.
FUI covarde. Falta uma negritude em mim.
Sororidade, mulheres negras.
Me ensinem a ser feminista como vcs.
Ps: e me perdoem.
Beijos de luz



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