Aos poucos e bons. Sempre.

Aos poucos e bons. Sempre.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Paty, minha amiga que se foi.

 Para ouvir:

O ano era 2005. Ela era minha funcionária e eu a chefe chata.


Nunca escrevi um texto tão dolorido.


Eu nunca escrevi um texto tão enriquecido.


Meu luto se resta por si só em sonhos com você.



E não acordo chorando. É estranho, Você também não se encaixava na normalidade.  Estamos quites.
Você faz falta. Você nunca me fez falta.
É remoedor o fato de você nunca ter me feito falta antes e hoje me deixa assim, com tanta falta de você.
Deve ter sido o seu próprio tempo.
Continuo sem medo do escuro. Tenho medo de pessoas e conversávamos tanto sobre isso. 
Hoje quase desacretitada delas, sabe Paty?
Queria só dizer "obrigada" por ter me feito tão especial em sua vida.
Atualmente, é tão difícil as pessoas se imporaterem com as outras.
E, acredite, você foi e é muito importante foi na minha.
Tivemos o juntas o útimo corte de cabelo e o último MilkShake. 
Você estava tão fraca. 
E eu te achava sempre tão grande.
Nunca esquecerei dessa carona e eu brigando pra você se alimentar.
Eu menti pra você dizendo que você não iria morrer naquele dia na Sala de Emergência.
Me perdoa?
Falei aquilo porque acreditava que não iria acontecer.
Seus dias no hospital, me fizeram tão pequena, tão pobre de espírito, tão incapaz. Foi rápido.
Você sofria, Era nítido.
Não fui egoísta.
Sei que você precisava descansar e voar. E pedi para o Universo:
"Por favor, faça o Seu melhor".
Tem ceia de Natal por perto e você não estará lá para comer comigo como o ano passado.
Minha mãe perguntou de você e chorou quando aconteceu tudo. Você sabe que ela é durona.
Enzo anda com o seu chaveiro do Darth Vader, levou até na mochila da viagem de férias.
Naquela noite, quando contei de você, ele chorou e correu buscar as tralhas do quarto esse chaveiro, 
"Quero ficar com ela pra sempre".
E eu também. 
Choramos juntos na sala.
Tem uma camiseta que você deu a ele que está na minha gaveta.
Também quero ter você pra sempre. 
Olho pra ela todos os dias, assim, como olho para o creme que trouxe da "gringa" pra você no meu banheiro.
Não me atrevo a usar. Não darei a minguém.
Deve até estar com prazo de validade vencido.
Mas, é seu. E vai comigo pra onde eu for.
Do seu lugar na minha vida, lhe digo:
Ninguém tirarás.
Amo você, agora de longe.
Com a esperança que esteja bem.
Te encontrarei um dia.
O colchão na sala está nos esperando.
Você faz falta.
Vem nos visitar, às vezes, se puder.
Ao som de Led Zepellin.
A única certeza é que aproveitamos tudo. Mesmo sendo tão jovens.
E, todos os dias quando acordo, não temos o tempo que passou.
Mas, temos a eternidade de seus olhos castanhos escuros que olha por mim e por nós.














sábado, 7 de maio de 2016

I-N-S-P-I-R-A-D-O-R-A

Esperei por esse dia desde seus dois anos de idade quando eu fui na primeira e última apresentação de Dia das Mães. Você era uma árvore cheia de maçãs de EVAs pendurados. Não me lembro de ter ficado emocionada, fiquei mesmo compadecida pelo calor que você estava passando naquela roupa.
Pois bem.
Contei essa história que vou relatar aqui hoje no almoço pra duas amigas e fiquei remoendo-a no carro dirigindo de volta pra casa. Transbordei. Sorri silenciosamente aquele meu sorriso que você conhece bem e resolvi compartilhar de forma despretenciosa que sempre escrevo.
Essa semana você entrou no carro silencioso, caso esse que deve ser investigado com uma lupa de aumento na proporção de mil unidades por centímetro, pois, você um geminiano nato, não pára de falar de você e dos outros. Detalhes não lhe passam desapercebidos nessa sua memória de elefante. Estava triste, tristinho, mais sem graça que a top model sem graça na passarela. Estava mais solitário que um paulistano. (musicalidade sempre pra vida - com as honras de Zeca Baleiro)
Perguntei o por quê disso.
Silêncio.
Retrovisor mediou meu olhar investigativo. Sorri.
"Fala, vai. O que foi?"
"A Prô não vai me dar uma letra da apresentação". - tinha uma tal frase que iria ser formada depois da música "É preciso saber viver".
"Enzo, isso não tem problema, não tem importância" - menosprezando como um crime culposo.
Você - furioso, com olhos cheios de lágrimas.
"TEM SIM, você já não vai na minha apresentação, minha avó é que vai e VOCÊ SABE que eu gosto de dançar e aparecer".
Eu tinha ali duas opções:
1) Ou chorar com você e dizer que "a vida não é justa" - a frase que você escuta toda vez que tem que levantar comigo às 5:30 h pra tomar banho pra dar tempo de sairmos às 6:50 h. "Porque eu tenho que estar às 8:00 h em tal lugar, moramos longe, somos só nós, você tem que me ajudar" - e te arrasto pro chuveiro fazendo coceguinhas e você se entrega lindamente pela manhã. Porque, sendo mãe, aprendi que criança não tem rancor. Tem memória.
2) Ou ser MÃE:
"DESCULPA. Me expressei errado. É importante SIM. Pra você e pra mim também. Mas, veja, se a professora não te escolheu agora, não quer dizer que você é menos importante. Eu não poderei estar no sábado (no caso hoje), mas sua vó estará lá e pedirei ao Bruno - namorado, companheiro, ajudante, amigo - para que esteja lá na minha ausência pra tirar fotos e fazer vídeos de você dançando. E tem outra coisa ...."
Já sorrindo, me deu a oportunidade de explicar como em um julgamento - filhos são seres que lhe dão a oportunidade de você ser melhor e fazer melhor a cada dia.
"Nunca se esqueça que os últimos serão os primeiros. Pensa em uma fila, se você estiver no último lugar e a fila, por algum motivo,virar:  Quem será o primeiro?" - segura eu estava que ali, ele ia aprender que nem sempre a vida vai lhe dar oportunidades, ou melhor, quase nunca. Mas, nada é constante, nada é previsível. "O importante é você se apresentar como se estivesse com a letra, como se fosse o primeiro, fazer o seu melhor e acreditar do fundo do seu coração que vai dar certo. Ter fé e esperança".
"Vou fazer isso" - e fomos comer no MC Donald´s.
No dia seguinte...
Antes de contar o que aconteceu, preciso explicar que acredito em forças e energias emanadas para o Universo. Preciso explicar que, realmente, acredito que quando se deseja algo do fundo do coração, o "efeito borboleta" acontece para as pessoas do bem. Confesso que rezei naquele dia do meu jeito para que ele ficasse feliz, já que eu não poderia estar lá e seria uma barra esse garoto de quase 8 ter que enfrentar tamanha frustação.
"Mamys, você não acredita!" - sorrindo feito hiena da Era do Gelo.
"A Prô meu deu a letra I."- colocando o aparelho pra fora da boca. Ele faz isso quando está ansioso.
"Nossa! Que máximo! Toca aqui" - fizemos um toque de mãos daqueles que você vai com a mão espalmada e termina em um mini soquinho.
"Enzo, o que era a frase que você tanto queria participar?" - ainda não sabendo o por quê de tanta tristeza dele.
"Vamos escrever:
MÃE INCENTIVADORA"
Tá aí. Descobri o drama justo que ele sentiu. Muito justo.
Eu, que não sou a melhor mãe do mundo, já que não estava lá na Festa do Dia das Mães porque estava trabalhando, não poderia ficar de fora - no entendimento dele - da palavra.
Sou o INCENTIVO dele.
Sou "a" INCENTIVADORA.
"O que é ser incentivadora?"- pra me certificar do entendido.
"É ser alguém que não desiste nunca da gente e sempre faz o melhor".
Não chorei.
E esse final é só meu por hora:
"Filho, que você me ensine a cada minuto te ver crescer fora dos meus dedos e dos meus olhos a ser uma pessoa melhor. Que você cresça com meu incentivo para ser um homen do bem, um menino bom. Não vou estar muito atrás de seus sonhos. Aliás, seja-lá-o-que-você-quiser-ser, eu te Incentivarei sempre. Obrigada por existir. Não é Feliz Dia das Mães pra mim, e sim um:
Feliz dia meu por você me dar a oportunidade de te ver crescer.
Meu desejo é ter você como filho. E não poderia ser melhor do que você. Seja feliz.
Te amo."
Mamys. - Incentivadora de topete, skate e Califórnia.
 
 
 
 
 
 
 
 

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Adolescentes - eles desejam ser.

 
Para ouvir enquanto lê, clica aqui em cima!
Criar um menino pra ser homem não é fácil. Isso não quer dizer que criar uma menina seja mais tranquilo.
Longe de mim rotular gêneros aqui.
Na verdade, criar um ser humano hoje não é tarefa fácil.
Lembro do meu pai dizendo:
"Ela parece um moleque!" - todo orgulhoso porque eu tinha os dois joelhos com casquinha marrom.
E hoje meu filho dança Lady Gaga, gosta de Katy Perry, ouve Projota e se derrete pelo Mc Gui. - porque ainda não apresentei o Mc Catra. :)
Rebola feito a Gretchen na sala e faz pose na frente do espelho.
Anda de skate, mas não consegue cuspir no chão. Ele nem sabe cuspir.
Dia desses, ele ficou de fora na aula de Educação Física porque não sabe jogar futebol.
Se ele pegar uma bola, logo faz uma dança com ela e pede pra eu dar nota e avaliar.
"Qual a sua nota pra minha performance?" - olhando pro espelho da sala todo suado.
" DEZ" - eu respondo. E bato palma.
Ele gosta de Ney Matogrosso, mas tem os joelhos com casquinhas marrons provenientes do Skate.
E cumprimenta "os caras" na half pipe "como um homem".
"Filho, viu aquela menina?"
"Vi, mas nem reparei que era menina, Mamis"
E volta pro mundo sem diferenciar quem é quem.
Ele fica fora das brincadeiras de escola porque não sabe bater em ninguém, nem em meninos.
E volta com olho cheio de lágrimas porque "ele destruiu o meu Lego sem motivo".
E lá vai eu explicar que a vida é assim.
E ele brinca com a prima como "se fosse menina", gosta das bonequinhas do Lego - "Essa é pra você Mamis, tem um gatinho do lado, é o Fat"- nosso gato.
Ele constrói o mundo sem diferenciar se é menino ou menina regado a " Nunca, em nenhum motivo, você pode brigar com os amigos. Se eles fizerem algo que você não goste, sai de perto".
Um dia ele estava bravo e me disse palavras grosseiras.
"É certo você fazer isso com a sua mãe? Uma mulher?"
"Não" - ele respondeu com cara de cachorro arrependido.
Está aí o seu e o meu papel:
'Não está certo você ser agressivo assim com ninguém".
Crio o meu moleque pra ser cidadão do mundo, daqueles que vai entender que uma mulher ou um homem merecem respeito.
Respeito esse, que vem de berço, que faz as pessoas dizerem:
"Enzo é demais"
Sim, Enzo é criado pra ser demais.
Pra respeitar todo mundo, entender a posição de qualquer ser humano e não julgar.
 Ele é criado pra dividir o jantar com o tio da rua sem saída, pra entender que teve oportunidades que os outros não tiveram e nem por isso ele pode dizer:" Ele não merece".

Meu filho é criado pra respeitar pessoas.
Pra levar para os outros o ser o "diferente'.
E dos diferentes, construímos um mundo melhor.
E mamães, não importam se eles usam cuecas do Batman ou calcinhas da Frozen.
O começo do fim ou o começo da início está em cada escolha deles. E de vocês.
Criem ser humanos pra se respeitarem.
Se fosse uma filha, seria o mesmo.
E da imagem retirada - sem autorização- do diário dele, fica aqui um recado:
Eles desejam crescer e ser adolescentes.
Transforme-os em bons adultos. Eles querem isso.
E nós, precisamos disso.